Made in Brazil Diretores do Skype vêm ao Brasil para tentar descobrir como ganhar dinheiro

Quando uma empresa low profile como a Skype manda seus três principais executivos para as Américas passarem alguns dias no Brasil, o que você pensa? Que eles vieram se esbaldar com caipirinha? Sim, tem isso. Mas não só. Entre outras cositas, eles vieram tentar encontrar uma forma de responder a uma pergunta realmente intrigante: como ganhar dinheiro em seu 5º maior mercado em número de usuários, mas onde o maior uso do programa é como plataforma de mensagens instantâneas - algo totalmente gratuito? Pior, mercado esse dominado por serviços grátis na web e celulares pré-pagos?

Quando uma empresa low profile como a Skype manda seus três principais executivos para as Américas passarem alguns dias no Brasil, o que você pensa? Que eles vieram se esbaldar com a trinca samba-churrasco-caipirinha? Sim, tem isso. Mas não só. Entre outras cositas, eles vieram tentar encontrar uma forma de responder a uma pergunta realmente intrigante: como ganhar dinheiro em seu quinto maior mercado em número de usuários, mas onde o maior uso do programa é como plataforma de mensagens instantâneas – algo totalmente gratuito? Pior, mercado esse dominado por serviços grátis na web e celulares pré-pagos?

No final de 2005, fui à apresentação do representante da Skype no Brasil, Carlos Pires de Albuquerque. Então, a empresa queria encontrar parceiros no Brasil e vender kits com fones e cartões pré-pagos em lojas de conveniência e bancas de jornal. A primeira deu certo – eles fecharam com a Transit Telecom, que cuida dos negócios por aqui até hoje, mas a segunda ideia nunca deixou de ser apenas uma boa ideia. Logo depois, a companhia voltou a adotar sua postura low profile. E a última notícia de Albuquerque foi um depoimento à CPI da Pedofilia, em agosto do ano passado. Apenas como provedor de informações, deixo claro.

Aparentemente, o Skype no Brasil passou os últimos meses meio sem rumo. Até agora. Porque, esta semana, os três maiores executivos da empresa para as Américas (incluindo o vice-presidente e diretor-geral para a região Don Albert e o lobista – ou melhor, diretor sênior de assuntos governamentais e regulatórios – Christopher Libertelli) decidiram tomar o pé das coisas com firmeza, e passar uns dias na terra do samba, da caipirinha e do celular pré-pago.

O plano agora é conhecer como pensa e se comporta o brasileiro, quinta população para o Skype em número de usuários mas quase traço quando a palavra é receita. O motivo? Bem, é que a maioria das pessoas aqui usa o Skype para o mesmo fim que o Messenger da Microsoft – trocar ideias rapidamente com amigos e colegas de trabalho. Ou ficar fazendo piadinhas e passando links curiosos. Isso mesmo: algo que pode ser feito pelo programa gratuitamente. Não seria possível esperar algo muito diferente de um país onde 80% prefere pagar mais caro por suas ligações móveis a ter um contrato e ter de pagar mensalidade a uma operadora de celular. Talvez seja o trauma de tantos outros contratos mensais.

Um parênteses sobre outro dado "absolutamente nacional": ao contrário da maioria dos usuários ao redor do mundo, para nós o Skype não é uma ferramenta de comunicação por voz com parentes e amigos em bases internacionais, onde a empresa fez, e faz, sua fama. Aqui, as famílias estão espalhadas dentro do país, mas em cidades ou estados diferentes. A demanda – e o uso – do "DDD" existe, sim, admite o supersimpático Albert (que fez questão de cumprimentar e saber o nome de todos os presentes durante a reunião, uma raridade nesse meio). Mas nunca saberemos por quem ele é feito, de que forma ou por quanto tempo. Don pode nos dar beijinhos, mas não entregar informações de mercado confidenciais. Acontece.

Enfim, para conhecer o mercado brasileiro, Albert, Libertelli e Tom Yeung, diretor de produtos e planejamento de negócios para as Américas, estão visitando empresas que possam ajudá-los com informações sobre como nos comportamos. Isso porque o Skype tem duas estratégias para crescer de forma diferente da que vem crescendo até agora (organicamente, via boca-a-boca), e ambas envolvem o mundo mobile.

Uma é convencer as operadoras de que o Skype pode ser uma coisa bacana para os usuários E para elas – uma missão um tanto difícil, diga-se de passagem, já que o Skype é visto como o grande "ladrão de tráfego" das redes celulares. "O acordo depende de como a operadora encara seu modelo de negócios e do público que ela quer atingir, mas pode ser vantajoso", garante Yeung. "Na Europa, a Hutchison 3 vendeu 500 mil Skype Phones, sendo 79% para novos clientes, e aumentou em 20% os gastos desses usuários". A 3 é a única operadora no mundo que já embarcou em um projeto com a empresa.

A segunda estratégia é uma releitura de algo que eles tentaram – aparentemente, sem muito resultado – em 2005 com a Motorola e a européia Carrier Devices (a prova está aqui e aqui): embarcar o Skype nos celulares. A nova parceria acontece com a Nokia para o lançamento do N97, um acordo mundial que vai entregar o software com todos os recursos possíveis no aparelho a ser lançado lá fora em junho (ainda não temos data de lançamento para o Brasil). Resta saber se, até lá, as operadoras brasileiras já terão sido convencidas pela Skype a deixar seus usuários acessarem o produto em suas redes. Ou se elas vão agir como a americana AT&T, por exemplo, que só libera o Skype no celular em redes Wi-Fi, para conversas ponto-a-ponto.

Qual a aposta de vocês?

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