Acho a trasmissão dos desfiles de escolas de samba um saco. Mas prometo dar uma chance pro negócio se a Globo investir mais na tecnologia 3D. Semana passada eu assisti uma demosntração – com os devidos óculos, não mais aqueles ridículos – do que a emissora já diz ser capaz, com um material filmado na Sapucaí este ano, todo em 3D. O negócio impressiona. Finalmente as rainhas da bateria ficam destacadas dos marmanjos como deviam, rebolando o popozão literalmente na sua cara. A tecnologia é a alegria dos anunciantes. A latinha de cerveja dava a volta na avenida e ia bem para frente, em primeiro plano. O filmete fez a alegria dos convidados de um evento da HP, mas aparentemente não é simplesmente uma curiosidade de feira de ciências. Segundo uma nota na Folha de ontem, a Globo já se diz pronta para trazer a transmissão em 3D antes da Copa de 2014. Ousado?
A Globo filmou o último carnaval com câmeras alugadas (o conjunto custa cerca de US$ 700 mil) e trouxe uma equipe para editar o material e ensinar como se faz. A emissora brasileira aparentemente fez um negócio caprichado para os padrões internacionais. Durante uma feira de televisão em Las Vegas, mês passado, a mostra de mulatas tridimensionais foi o que mais impressionou os gringos dentro do universo da nova tecnologia. O diretor de multimídia e processos especiais da Globo, José Dias, acha que em 3 anos a emissora já deve começar a transmitir em 3D. Para ele o processo não é tão complicado e já há TVs habilitadas para isso no mercado hoje. É claro que o sinal de 3D deve ser mandado separado (a imagem parece terrivelmente confusa sem os óculos), mas nada que a TV Digital e suas múltiplas transmissões não resolva. Aliás, o 3D seria o chamariz definitivo para as pessoas voltarem a ver TV aberta.
O impulso para o renascimento do 3D vem do cinema. No Brasil já há 51 salas habilitadas com projeção em 3D, e animações como Monstros e Alienígenas e o esperado Avatar, de James Cameron, foram criados com a dimensão extra como parte importante do processo criativo. A dúvida pra mim é: será que vale à pena o esforço? Eu vi Monstros e Alienígenas em 3D e o negócio ganha literalmente uma nova dimensão. Mas as mudanças de perspectiva e foco são todas muito bem pensadas para que o recurso não fique só aquela história de pular da tela para dar susto no espectador (Alguém mais lembra de "A Hora do Pesadelo – Pesadelo Final", onde o filme parava uma hora pra todo mundo colocar os óculos 3D e ver a cara do Freddy saltar da tela?). No Carnaval, com os carros alegóricos ainda mais monstruosos, parece fazer sentido. Mas novela? Jornal? Futebol? É bom a Globo pensar direitinho para as 3 dimensões não virarem um recurso banal. O que vocês acham?
[Via Folha]