Num país com mais de 160 milhões de celulares, onde se vê todo mundo, de todas as classes sociais, com um desses aparelhos, talvez você pensasse que o governo não precisasse ajudar a universalizar a telefonia móvel. Nada disso: o presidente Lula recebeu projeto para garantir às 11 milhões de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família um celular de graça com 7 reais mensais de crédito. E a TIM já quer fazer parte.
O projeto foi apresentado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Segundo ele, o presidente e as operadoras de telefonia gostaram da ideia: o governo está conversando com a Claro e a Oi, e a TIM já topou. As operadoras precisariam investir R$ 2 bilhões no programa; em troca, elas não vão precisar pagar o imposto Fistel das linhas do programa.
A impressão que eu e muita gente deve ter é de que todo mundo tem celular. Não é bem por aí: a pesquisa CETIC mostra que três entre quatro das famílias com renda abaixo de um salário mínimo não têm celular. E duvido que muitos deles tenham linha fixa, que ainda custa caro na instalação e na mensalidade. Então acho interessante e válido o esforço de universalizar os celulares, algo semelhante ao feito hoje nos EUA: se você comprovar que tem poucos recursos, leva um celular e crédito de graça.
E, segundo o ministro, um projeto de expansão de banda larga nos mesmos moldes pode ser viável: ele diz estar "em condições de fazer banda larga popular a R$9,99" — ou "meia-larga", como ele mesmo diz, porque seriam só 256Kbps (alguém finalmente reconheceu que isso não é banda larga de fato!). O estado de São Paulo tem um projeto parecido, mas a R$30: seria bom ver a expansão da banda larga no país inteiro, até porque banda larga é considerada necessidade básica em alguns países, e direito legal em outros. [Folha; imagem da Viaje Aqui]