Não é surpresa que as tarifas de celular são muito caras no Brasil. Mas é surpreendente saber que, segundo estudo da consultoria Bernstein Research, o nível de preços é o segundo maior do mundo, atrás apenas da África do Sul. Algo ainda mais surpreendente? Não dá pra culpar só os impostos altos no Brasil.
A consultoria pesquisou preços em 17 países e levou em conta a economia de cada país. No Brasil, a tarifa de celular custa, em média, 24 centavos de dólar por minuto. Em países com economia de tamanho semelhante do Brasil, a tarifa é bem mais baixa: na Indonésia e na China, a tarifa média é de 3 centavos de dólar por minuto; na Índia, só um centavo por minuto. As tarifas aqui estão mais próximas de países como Nigéria (23 centavos) e África do Sul (26 centavos); nos EUA, a tarifa média é de 5 centavos de dólar por minuto.
Por que existe essa discrepância de preço tão grande entre o Brasil e outros países? De acordo com Robin Bienenstock, analista sênior da Bernstein Research, não dá para colocar a culpa apenas nos impostos: o grande vilão é o Valor de Uso Móvel. O VU-M é a taxa de interconexão entre as redes das operadoras fixas e móveis: enquanto ela foi quase zerada em alguns países da Europa, a fim de incentivar o uso do celular, aqui ela chega a quase R$0,40 por minuto — paga à operadora móvel cada vez que recebe ligação de linha fixa.
Claro que os impostos também são problema: segundo Luiz Cuza, presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas, no Brasil os impostos representam em média 42% das tarifas, enquanto a média mundial é de 17%. Isto deve ser levado em conta quando a Anatel revir as taxas de interconexão: segundo Nelson Takayanagi, da Anatel, a agência já contratou uma consultoria que, em até 18 meses, vai analisar os custos de interconexão para a revisão das tarifas. [Valor Online via IDG; imagem via]