Depois de quatro meses seguidos com ondas de calor intensas, o Brasil se aproxima do verão, que tradicionalmente é quente e chuvoso em boa parte do país. Contudo, de acordo com o Climatempo, a virada entre 2023 e 2024 não terá um verão como nos outros anos.
O fenômeno El Niño, que já está em intensidade forte, chega ao seu ápice. Sua influência se soma aos efeitos do aquecimento da atmosfera e dos oceanos causado pelas mudanças climáticas.
Isso fará com que as temperaturas sejam mais altas que o normal — ainda que as ondas de calor não sejam tão prováveis –, e também afetará o padrão de chuvas.
Padrão de chuvas diferente
Geralmente, é durante o verão que se formam dois dos sistemas meteorológicos que mais geram chuva sobre o Brasil: a Zona de Convergência do Atlântico (ZCAS) e a Zona da Convergência Intertropical (ZCIT).
Elas são responsáveis pela chuva volumosa e frequente desse período, que costuma cair durante a tarde e à noite. Contudo, neste ano, o El Niño está alterando a circulação de ventos sobre a América do Sul.
Dessa forma, torna mais difícil a formação de corredores de umidade e a formação das zonas de convergência. O fenômeno afeta especialmente a ZCAS, que influencia a chuva sobre o Sudeste e o Centro-Oeste. A previsão inicial é de que, durante este verão, a zona se forme apenas a partir de fevereiro.
Mas isso não significa que a estação não terá chuvas. De modo geral, essas alterações afetam o padrão em que elas ocorrem. Por exemplo, em vez de ocorrerem em grandes áreas de instabilidade e serem persistentes, elas se tornarão mais irregulares.
“Estas pancadas de chuva geradas por calor muitas vezes serão fortes, o problema é que este tipo de chuva não cai sempre no mesmo local. Então, num dia chove forte em uma cidade e no outro na cidade vizinha, a 50 km de distância”, comenta Vinícius Lucyrio, meteorologista do Climatempo.
Assim, o padrão de chuvas do verão entre 2023 e 2024 promete ser muito diferente dos últimos três anos, em que o Brasil estava sob influência da La Niña.
Altas temperaturas – mas não como nas ondas de calor
Entre dezembro e janeiro, o Brasil recebe sua maior incidência de sol de todo o ano. Isso, por si só, já faz com que o calor seja mais forte. No cenário atual, os termômetros podem subir ainda mais que o normal.
Segundo especialistas, há a possibilidade de atuação da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). Ela consiste em um sistema de alta pressão que, no próximo verão, poderá estar mais forte e mais próxima do Brasil.
Se isso acontecer, poderá fazer as temperaturas subirem muito acima do normal, especialmente no sudeste. As regiões mais afetadas serão o leste de São Paulo, leste de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo como um todo.
No entanto, a expectativa é que o verão brasileiro não tenha ondas de calor tão intensas e duradouras como as que aconteceram no país em setembro e novembro. Dessa forma, as temperaturas podem não chegar a extremos, como ocorreu recentemente.
Segundo o Climatempo, as chuvas e nebulosidade do verão brasileiro dificultam que isso aconteça.