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Médicos tiveram que apagar fogo no peito do paciente durante cirurgia cardíaca

Condição do paciente ocasionou uma complicação inesperada durante a cirurgia, resultando em um fogo repentino que foi rapidamente controlado pelos médicos.

Crédito: dschmieding/Flickr (CC BY 2.0)

Médicos tiveram que botar a mão no fogo por um paciente durante uma cirurgia na Austrália, e infelizmente não estamos utilizando o sentido figurado. Os médicos afirmaram que as tentativas de realizar uma cirurgia cardíaca de emergência no homem deram “um pouco” errado em um determinado momento, quando um fogo repentino iniciou na cavidade do peito do paciente. Surpreendentemente, os médicos conseguiram apagar o incêndio e concluir a cirurgia sem outras complicações.

O estranho caso foi relatado pelos médicos neste fim de semana no Congresso da Euroanestesia, convenção anual da Sociedade Europeia de Anestesiologia.

De acordo com o relatório, o homem de 60 anos sofreu uma dissecção da aorta ascendente, uma ruptura potencialmente fatal na parede interna da artéria principal que bombeia sangue do coração para o resto do corpo. Como resultado, ele rapidamente precisou de uma cirurgia para reparar o rompimento. Mas os problemas pulmonares subjacentes do homem, particularmente sua doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), complicariam o procedimento de maneira inesperada.

Para alcançar seu coração, os médicos tiveram que abrir o esterno – o osso localizado no meio do peito. Mas o pulmão direito do homem estava preso ao esterno, com fragmentos de tecido pulmonar danificado chamados de bolhas, sendo esse o principal problema. Essas bolhas são cheias de ar e geralmente se formam em pessoas com DPOC.

Quando os médicos tentaram retirar com cuidado o pulmão direito do esterno, perfuraram uma dessas bolhas, causando um grande vazamento de ar. Para garantir que o paciente não passasse por desconforto respiratório (uma condição em que os pulmões se enchessem de líquido, o que pode causar um afogamento), eles bombearam mais anestesia no paciente e o fluxo de ar que ele estava recebendo por meio de um ventilador foi alterado para 100% de oxigênio.

Parte da cirurgia exigiu o uso de um eletrocautério, um dispositivo que usa calor para queimar ou cortar o tecido. Havia também uma bolsa cirúrgica seca perto da caixa torácica do homem, utilizada para transportar instrumentos cirúrgicos esterilizados. Logo após a mudança de ar realizada no paciente, uma faísca do aparelho atingiu a bolsa e – graças ao ar extremamente rico em oxigênio ao redor do peito do homem – foi criado um fogo instantâneo.

Inacreditavelmente, os médicos conseguiram extinguir rapidamente o fogo, sem causar danos ao paciente. Eles então procederam para finalizar a cirurgia “sem intercorrências” e repararam com sucesso a artéria do paciente.

A reviravolta incomum de eventos mais tarde inspirou os médicos a procurar casos semelhantes. Eles conseguiram encontrar seis outros casos documentados de queimaduras na cavidade torácica durante a cirurgia, todos envolvendo bolsas cirúrgicas secas, aumento da concentração de oxigênio, o dispositivo de eletrocautério e um paciente com DPOC ou outra doença pulmonar. Esses casos também, felizmente, terminaram sem ferimentos. O caso deles, no entanto, é o primeiro que envolve esse tipo particular de cirurgia, segundo eles.

Embora esses casos sejam obviamente muito raros, os médicos esperam disseminar o conhecimento sobre esse fenômeno, especialmente considerando os fatores de risco comuns a cada um deles.

“Este caso destaca a necessidade contínua de treinamentos de incêndio e estratégias de prevenção e intervenção rápida para evitar lesões quando o eletrocautério é utilizado em ambientes enriquecidos com oxigênio”, disse o autor Ruth Shaylor em um comunicado descrevendo o caso previsto pela Sociedade Europeia de Anestesiologia. “Em particular, os cirurgiões e anestesistas precisam estar cientes de que incêndios podem ocorrer na cavidade torácica se um pulmão for danificado ou se houver um vazamento de ar por qualquer motivo, e que os pacientes com DPOC correrem um risco maior”.

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