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Mesmo ainda na metade, jogo de Game of Thrones empolga tanto quanto a série

Com três episódios lançados, o jogo de Game of Thrones da Telltale consegue passar bem o espírito da série de TV

Com o início da quinta temporada de Game of Thrones, nas próximas semanas seremos tragados de volta aos dragões, conspirações, jogos de poder e, claro, gente sem roupa que permeiam o mundo de Westeros.

Na espera entre um episódio e outro, uma boa pedida para os fãs é o jogo baseado na produção da HBO, também chamado Game of Thrones, e que está sendo desenvolvido pela Telltale, o mesmo estúdio que nos trouxe o excelente jogo de The Walking Dead.

Para se ter uma noção no nível de detalhe do jogo, cada episódio possui até mesmo a famosa abertura da série refeita com o estilo do game.

O Game of Thrones da Telltale é dividido em seis capítulos, sendo que três já foram lançados e podem ser jogados e, mesmo na metade, o jogo já capta muito bem o espírito da série e empolga tanto quanto ela. O melhor é que não é preciso ser exatamente um jogador habilidoso para aproveitá-lo da melhor forma. Afinal, ele muitas vezes é mais uma história interativa do que um jogo em si.

Casa Forrester

Antes que você pense que terá o controle dos personagens da série, é bom deixar claro que nesse Game of Thrones os Stark, Lannister ou Targaryen não são os personagens principais e sim a casa Forrester. Casa quem?

Pois é, a casa Forrester nunca é mostrada na série e mesmo nos livros ela somente é citada. Os Forrester são uma casa antiga do norte e, logo, eram leais aos Stark. No jogo, controlamos diferentes membros dessa família, que estão em diferentes lugares de Westeros. Esse foi o jeito encontrado pela Telltale de contar uma história original dentro do universo de Game of Thrones, mas ainda levando em conta os fatos da série.

Durante os três capítulos, os personagens que controlamos estão sempre à margem de fatos importantes da série que vemos por outra perspectiva. O início do jogo, por exemplo, acontece durante o famoso Casamento Vermelho, mas bem longe do holofotes do que é mostrado na TV.

No entanto, isso não quer dizer que não vemos rostos familiares por aqui. Personagens como Cersei, Tyrion, Margaery Tyrell e Jon Snow aparecem constantemente e, como esse é um produto oficial da HBO, eles estão com a aparência e vozes dos atores da série, o que dá um ar de legitimidade para o que acontece no jogo.

Agora, se engana quem pensar que por abordar novos personagens o jogo se torna menos interessante. Pelo contrário: a principal qualidade do Game of Thrones da Telltale é conseguir se conectar com a série ao mesmo tempo em que conta a história da família Forrester.

Em cada episódio, vamos trocando o controle entre os membro da Casa, que estão em lugares distintos e conhecidos da série, seja Porto Real, a Muralha ou Essos. Com cada um deles, logo criamos uma ligação de empatia e talvez isso se deva pelo fato de a Casa Forrester ser quase uma nova versão dos Stark. Pelo menos até agora, a Telltale conseguiu reproduzir muito bem aquele sentimento que tínhamos pelos senhores de Winterfell na primeira temporada da série. Eles são os mocinhos e, em Game of Thrones, isso quer dizer que são os que mais sofrem.

Os Forrester acabam sendo atingidos pelas consequências do turbilhão de acontecimentos mostrados na série. Conforme cada episódio avança, mais e mais os conflitos aumentam e a situação vais e tornando desesperadora. O melhor (ou o pior) é que tudo isso é consequência de suas ações no jogo. Personagens principais morrem, ficamos com medo do que escolher em cada resposta e acabamos tão imersos no jogo quanto na série.

Meça suas palavras

No Game of Thrones da Telltale passamos por algumas cenas de ação em quick time events, que não chegam a ser difíceis, mas são os únicos momentos em que se pode morrer no jogo (e vivenciar a frase “Valar Morghulis” de perto).

O jogo se foca especialmente nos diálogos com os personagens, e devemos escolher o que falar.  Esses são os momentos em que o jogo consegue captar bem o espírito da série, porque para cada escolha há uma consequência e nessas partes estamos realmente jogando o jogo dos tronos, mesmo sem saber. Um exemplo está abaixo, onde somos confrontamos por ninguém menos que Cersei Lannister em frente ao trono de Westeros. A sequência é ao mesmo tempo intimidadora e fascinante.

Cada ação do jogador possui uma consequência não só para a história, mas também para o que acontece com os outros personagens. Algo que Mira conseguiu em Porto Real reflete nos acontecimentos que seus irmãos e mãe passam em Ironrath, o lar dos Forrester. O interessante em Game of Thrones é que esse é o elemento mais atrativo do jogo, mas também é onde mora um dos principais problemas, já que ele nos dá um falso sentimento de escolha. Algo que quem já jogou os outros jogos da Telltale sabe muito bem como é. Muitas vezes o que escolhemos não significa tanto assim e só adia uma situação inevitável e que deve acontecer, já que ela é importante para o decorrer da narrativa. Um exemplo é o final do primeiro episódio (que não falarei o que é por motivos de spoiler).

Não foram poucas as vezes em que repeti a sequência, escolhendo opções diferentes, mas nada impediu que o resultado fosse o mesmo. Quanto mais rejogamos, mais essas falhas são percebidas. Outro ponto que pode soar negativo é que Game of Thrones, diferente do jogo de The Walking Dead, é mais voltado para quem realmente acompanha a série. O jogo se passa entre a terceira e a quinta temporada e quem não acompanha certamente ficará perdido com tantos personagens e fatos que o jogo presume que você já conhece.

Talvez por isso mesmo, o jogo é ideal também para os fãs que não são acostumados com games. Ele não exige grandes habilidades e os elementos de diálogos e escolhas caíram como uma luva para o jogo atingir o mesmo tom da série.

Game of Thrones da Telltale pode ser encarado como uma série spin off interativa e com qualidade tão boa quanto a série principal. Pena que ela ainda está na metade e o próximo episódio tem previsão de lançamento só para maio.

O jogo está disponível tanto para os antigos deuses (Xbox 360 e PS3) quanto os novos (PS4, Xbox One, PC Steam, Mac), além de deuses menores (iOS e Android).

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