Microsoft cria chatbot para conscientizar sobre relacionamentos abusivos
A violência de gênero pode se manifestar de diferentes formas, desde agressões físicas à privação do acesso e participação das mulheres em determinados espaços. Muitos casos extremos, que podem até mesmo resultar em mortes, se originam de relacionamentos abusivos, e o grande desafio aqui é fazer com que a vítima reconheça a sua situação e busque ajuda.
Pensando nisso, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) criou uma campanha em parceria com a Microsoft para desenvolver uma inteligência artificial capaz de orientar adolescentes. Batizada de Maia (Minha Amiga Inteligência Artificial), a chatbot pode ser encontrada no site do projeto.
Ela funciona de maneira similar aos robôs dos canais de atendimento que você encontra em sites. A pessoa inicia uma conversa e a Maia vai interagindo de forma a fornecer informações sobre relacionamentos abusivos baseadas em uma cartilha do MPSP. A robô utiliza uma linguagem leve e informal como se estivesse trocando mensagem com uma amiga.
No entanto, a inteligência artificial não apresenta muita autonomia. Basicamente, ela vai apresentando exemplos de um relacionamento abusivo e dicas sobre o que fazer, independentemente da sua resposta. Ainda assim, a iniciativa pode ajudar principalmente adolescentes que buscam uma forma de relatar o que estão sofrendo e encaminhá-las para profissionais e órgãos competentes capazes de ajudar e impedir que tais abusos continuem.
O comunicado da Microsoft e do MPSP sobre a campanha ainda cita um estudo de fevereiro deste ano do Datafolha que revelou que 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil nos últimos 12 meses. Muitos desses casos (42%) ocorreram no ambiente doméstico e envolvem pessoas próximas. Além disso, um número preocupante é que mais da metade dessas vítimas (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda.
A nova tecnologia de inteligência artificial faz parte da campanha #NamoroLegal, criada em junho de 2019 pelo MPSP e idealizado por Valéria Scarance, promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Gênero do MPSP. Além da parceria com a Microsoft Brasil, o projeto também é apoiado pela Plan International, Girl Up e Instituto AzMina.
O comunicado sobre a nova ferramenta ainda ressalta que a criação da Maia e de seus diálogos foi verificada pelo Comitê de IA e Ética em Engenharia e Pesquisa da Microsoft (AETHER). Ainda segundo a empresa, a assistente virtual é hospedada na plataforma de nuvem Microsoft Azure e não armazena conversas, sendo que nenhum tipo de identificação é solicitado para começar a interagir com ela.