O inquérito sobre a extensão das tentativas russas de comprar anúncios na internet dos Estados Unidos antes das eleições federais norte-americanas de 2016 expandiu para outro gigante digital, com a Microsoft confirmando que iniciou uma investigação interna para saber se ela vendeu esses anúncios por meio do seu mecanismo de pesquisa, o Bing.
Em um comunicado, um porta-voz da Microsoft contou ao Gizmodo que a empresa havia recebido relatórios indicando possível envolvimento e que tomaria a ação apropriada se os russos tivessem, de fato, comprado anúncios no Bing, embora eles não tenham confirmado se encontraram alguma coisa ou não.
“Levamos a sério relatos de uso indevido de nossa plataforma”, o porta-voz escreveu ao Gizmodo. “Estamos, portanto, investigando, e se qualquer atividade inapropriada for descoberta, vamos tomar medidas para minimizar esse uso indevido no futuro.”
Investigadores federais, do congresso e também os particulares estão todos examinando a extensão dos esforços russos para influenciar a mídia norte-americana antes das eleições: um caminho comum é que russos com supostos laços com o Kremlin buscaram espalhar desinformação e confusão com o objetivo de promover controvérsia e a candidatura do presidente Donald Trump. Vários associados de Trump, incluindo seu filho Donald Trump Jr., seu genro Jared Kushner e o ex-gerente de campanha Paul Manafort, foram ligados a alegações de conluio, embora os investigadores ainda precisem mostrar de onde vem o fogo depois de toda a fumaça.
Investigadores concluíram anteriormente que empresas russas com ligações com o Kremlin compraram pelo menos US$ 100 mil em anúncios no Facebook, potencialmente alcançando dez milhões de americanos. Agora, se esses anúncios eram parte de uma operação de inteligência e quanta influência eles tiveram no curso da eleição, isso permanece altamente especulativo. O Facebook atrelou os anúncios a uma empresa de São Petersburgo chamada Internet Research Agency, uma firma que, segundo o Buzzfeed e algumas fontes russas, é pelo menos parcialmente uma frente que emprega trolls de comentários pró-Kremlin.
Na segunda-feira (9), o Washington Post relatou que pessoas familiarizadas com o assunto disseram que russos haviam comprado dezenas de milhares de dólares por meio de redes do Google:
O gigante do Vale do Silício descobriu que dezenas de milhares de dólares foram gastos em anúncios por agentes russos que visavam espalhar desinformação em vários produtos do Google, que incluem o YouTube, além de anúncios associados com a busca do Google, o Gmail e a rede de anúncios da empresa DoubleClick, disseram as pessoas, falando sob condição de anonimato para discutir assuntos que não haviam se tornado públicos.
O Twitter, outro gigante das redes sociais, também ligou cerca de 200 contas à Internet Research Agency e vendeu US$ 274,1 mil para a RT, uma TV estatal russa que potencialmente promoveu mais de 1.800 anúncios para americanos. No entanto, a análise do Twitter não concluiu se as compras de anúncio da RT eram relacionadas a tentativas de influenciar a eleição.
Complicando ainda mais a nuvem maluca de alegação está o envolvimento de diversas redes com fins lucrativos de hoaxers e golpistas que se aproveitaram de políticas de anúncios online frouxas e da situação política de alta pressão dos EUA para levar milhões de americanos a derrubar fazendas de conteúdo. Algumas dessas redes têm sede nos Estados Unidos, noticiou o Washington Post, e podem ser altamente lucrativas.
Por vezes, a falta de evidências levou a teorias da conspiração sobre o envolvimento russo na ascensão de Trump ao poder. O presidente, é claro, permaneceu publicamente cético em relação a qualquer uma delas, mesmo depois de alegremente desafiar a Rússia a hackear o sistema de email de Hillary Clinton ao mesmo tempo em que vazamentos de emails parecidos de Democratas estavam acontecendo.
Em outras palavras, o pesadelo nacional que os EUA vivem deve continuar por algum tempo.
A Microsoft alega que o Bing — seu sistema de busca padrão em vários dos navegadores que vêm com seu sistema operacional — tem uma parcela de aproximadamente 33% no mercado de buscas por meio de desktop, incluindo o Yahoo, que é alimentado por sua tecnologia. O mercado de buscas em dispositivos móveis, em geral, é dominado pelo Google.
Imagem do topo: AP