Microsoft bisbilhotou e-mails de usuário para caçar funcionário que vazava segredos

Uma acusação formal apresentada na Corte Federal dos EUA revela que a Microsoft bisbilhotou uma conta do Hotmail que pertencia a um blogueiro. O objetivo era saber quem estava vazando informações internas sobre o Windows 8 antes de seu lançamento. Isso parece uma terrível violação de privacidade, mas a Microsoft diz que tinha o direito de […]
Novo Outlook.

Uma acusação formal apresentada na Corte Federal dos EUA revela que a Microsoft bisbilhotou uma conta do Hotmail que pertencia a um blogueiro. O objetivo era saber quem estava vazando informações internas sobre o Windows 8 antes de seu lançamento.

Isso parece uma terrível violação de privacidade, mas a Microsoft diz que tinha o direito de fazer isso – está tudo lá nos termos de serviço, que com certeza você leu.

Segundo o Business Insider, o Ministério Público Federal americano apresentou documentos contra o russo Alex Kibkalo, ex-funcionário da Microsoft, alegando que ele transferiu ilegalmente segredos da empresa a um blogueiro anônimo francês.

Segundo a acusação, o blogueiro abordou a Microsoft em setembro de 2012, alegando que tinha informações privilegiadas. Isto era algo mais importante do que parecia, porque a empresa de segurança privada da Microsoft já havia associado o e-mail do blogueiro a vazamentos.

Depois que o departamento jurídico analisou o caso, a Microsoft foi ler os e-mails do blogueiro – armazenados em uma conta do Hotmail – e encontrou uma mensagem que ligava Kibkalo aos vazamentos.

Sim, a Microsoft bisbilhotou o e-mail pessoal de alguém sem uma ordem judicial. Mas, infelizmente, ela diz que pode. Na declaração oficial da empresa, enviada ao Business Insider, ela diz:

… a fim de proteger os nossos clientes e a segurança e integridade dos nossos produtos, realizamos uma investigação ao longo de muitos meses com agências do governo em vários países. Isto incluiu a emissão de uma ordem judicial para investigar uma casa relativa à prova dos atos criminosos envolvidos. A investigação repetidamente encontrou provas claras de que a pessoa envolvida pretendia vender propriedade intelectual da Microsoft, e de que já tinha feito isso no passado. Como parte da investigação, tomamos a iniciativa de realizar uma análise limitada das contas que a Microsoft operava. Os termos de serviço da Microsoft tornam clara a nossa permissão para este tipo de análise, mas isso acontece apenas em circunstâncias muito excepcionais

Ênfase nossa. Em outras palavras, a Microsoft acredita que foi a decisão certa acessar a conta de um usuário sem permissão – afinal, disso dependia a segurança de um produto seu. Não era a coisa certa a fazer – eles dizem que isso acontece em “circunstâncias muito excepcionais” – mas era o que seu departamento jurídico achou justificável, com base nos Termos de Serviço do Hotmail.

Eis a parte relevante dos termos de serviço (ênfase nossa):

3.2. Quem pode acessar o meu conteúdo? Você detém o controle inicial sobre quem pode acessar o seu conteúdo… Se você usar ou compartilhar conteúdo nos serviços de forma que viole os direitos autorais, marcas, direitos de propriedade intelectual ou direitos de privacidade de outras pessoas, você violará este contrato. Você representa e garante que, durante a vigência deste contrato, você possui (e possuirá) todos os direitos necessários sobre o conteúdo que carregar ou compartilhar nos serviços e que o uso do conteúdo, conforme contemplado neste parágrafo, não violará nenhuma lei.

Basicamente, o contrato foi violado pelo blogueiro, então aparentemente ele não tinha mais nenhuma garantia de que a Microsoft respeitaria sua privacidade.

Mesmo que a Microsoft possa justificar isso legalmente, isso não faz os usuários confiarem mais na empresa – especialmente em tempos de espionagem da NSA. O pior é que, na campanha Scroogled, a Microsoft faz todo um alarde sobre o Google analisar seus e-mails para exibir anúncios… e aí isto acontece.

É um bom lembrete de que somos todos um pouco estúpidos por confiar nossos dados a grandes empresas de tecnologia. Se você não era cauteloso com o que você dizia por e-mail, bem, talvez você deva. [Business Insider]

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