MiiPC: um computador com Android que quer evitar que as crianças se viciem em internet

Young Song é um cara dedicado a levar computadores baratos para todo mundo. Em 1998, ele ajudou a fundar a eMachines, adquirida anos depois pela Acer. Este ano, ele voltou a apostar nessa área com o MiiPC, uma caixinha de US$ 129 com Android – e ele está trabalhando duro para trazê-la ao Brasil. O […]

Young Song é um cara dedicado a levar computadores baratos para todo mundo. Em 1998, ele ajudou a fundar a eMachines, adquirida anos depois pela Acer. Este ano, ele voltou a apostar nessa área com o MiiPC, uma caixinha de US$ 129 com Android – e ele está trabalhando duro para trazê-la ao Brasil.

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O Gizmodo Brasil conversou com Song durante a feira IFA, em Berlim. Ele fundou a empresa ZeroDesktop em 2011 e, este ano, lançou uma campanha para o MiiPC no Kickstarter.

Trata-se de uma caixinha que roda Android e pode ser conectada a um monitor ou TV, via HDMI (1080p) ou Miracast. Ela roda Android 4.2 Jelly Bean em um processador dual-core da Marvell, e tem opções de 1-2 GB de RAM e 4-8 GB de memória interna, expansível via SD. Ele tem Wi-Fi, Ethernet e Bluetooth 4.0. Até aí, já vimos outros dispositivos assim.

6xRgyduXrgWlg6W0tALZBxksykutFunflNqYMgU0FH0É que o mais importante está no software. Com o MiiPC, os pais decidem quais apps e sites seus filhos poderão utilizar, e por quanto tempo. Mas controle dos pais não é algo novo, e já está presente em quase todo computador hoje em dia. Então por que mais de mil pessoas apoiaram a campanha no Kickstarter? Ela atingiu o objetivo de US$ 50.000 em apenas 22 horas, e chegou a US$ 175.000.

Para Song, é que o recurso para limitar o tempo de uso geralmente não é muito esperto. O Windows tem essa função embutida, mas e se seu filho estiver fazendo um trabalho da escola, e atingir o tempo máximo? Ele é deslogado sem muita cerimônia. Mesmo programas de controle parental, como da Norton ou AVG, não têm um bom controle de tempo. O mesmo vale para o Mac OS X.

A situação também não é muito boa em smartphones ou tablets. iOS e Android não oferecem controle de tempo, nem monitoramento de uso. Por outro lado, isso é uma função que está começando cada vez mais a aparecer: o tablet Kindle Fire tem o FreeTime Unlimited; o Windows Phone tem o Espaço da Criança; e o Android 4.3 ganhou função semelhante.

Então o furor por trás do MiiPC começa a fazer sentido. Vamos ver como funciona.

Na prática

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Primeiro, ligue a caixinha à tomada, ao monitor/TV, ao mouse e teclado (vendidos separadamente) e ligue-a. Então conecte-a à internet. Você será guiado por uma configuração rápida para fazer sua conta, colocar uma senha e criar perfis para seus filhos. Cada um deles terá uma interface diferente, com apps diferentes.

Mas qual é a situação dos apps? Ele vem embutido com suíte KingSoft Office, leitor de e-books, player multimídia e Splashtop2 para se conectar a um PC ou Mac através da internet. No entanto, não há Google Play aqui: o jeito é adquirir apps através da Amazon – que agora os vende para todo o mundo.

Mas apps de smartphone são o suficiente? E se a criança precisar de algo mais elaborado, como o Word. Questionei Song sobre isso: ele diz que este não é o foco do produto, voltado para crianças de 3 a 14 anos. Resta ver se este será o caso.

Você pode decidir quanto tempo cada app poderá ser usado: 20 minutos de YouTube, mais 15 de Angry Birds e assim vai. Cada app recebe um limite específico. Também há como controlar o uso para cada dia da semana, e deixar a criança usar o MiiPC por mais tempo no sábado e domingo. O usuário recebe um alerta 5 minutos antes, depois 1 minuto antes, e depois é deslogado (ou o app é fechado).

É possível também controlar o acesso a sites. Para tanto, o MiiPC oferece um navegador modificado, que anota quanto tempo a criança visitou cada site; é possível bloqueá-los também. (O recurso não funciona em navegadores tradicionais, como o Chrome.)

Esses controles podem ser feitos no próprio MiiPC, ou através de um dispositivo rodando iOS ou Android. Há um app “companion” gratuito que permite controle parental remoto. Imagine que você saiu, seu filho ficou em casa e ele resolveu abusar de Angry Birds. Você pode então inserir um limite de uso, ou até mesmo bloquear o app à distância. Isso sincroniza em até 15 segundos.

O “companion” para tablets Android vai mais longe, e permite regular o acesso a apps do próprio tablet (não há suporte a smartphones por enquanto). Isto funciona da mesma forma que no MiiPC: há contas de usuário, é necessária uma senha para realizar modificações, e cada usuário só pode usar os apps que lhe foram liberados.

Isso supõe, no entanto, que o app do MiiPC está aberto. Não dá para fechá-lo facilmente, pois isto exige senha. E se eu reiniciar o tablet? Fiz o teste, e o primeiro app que abre é o MiiPC; para sair dele, é necessário senha. E se eu tocar o botão de multitarefa, o que acontece? Se você escolher um app para o qual não tem permissão, ele não vai abrir. E se você estourou o tempo máximo, ele também não abre. Cuidado, crianças!

Song diz que o app foi enviado esta semana para ser avaliado pelo Google, e estará disponível em breve – mas só poderá ser usado pelos donos de um MiiPC. A empresa diz via e-mail que este serviço funciona apenas em tablets Android; smartphones com o sistema “estão no nosso roadmap como uma possível oferta futura”. E claro que o app não tem esses recursos no iPad ou iPhone.

Mas tanto Android como iOS têm acesso a um recurso bacana, o Media Server: você pode enviar e receber arquivos para até outros 10 dispositivos conectados à sua conta do MiiPC. No entanto, não é possível enviar links ou conteúdo de apps: Song nos diz que isso está nos planos para a próxima versão.

Há algumas limitações marcantes no MiiPC: ele não vem com Google Play, apps de celular podem não ser o bastante para um PC, e ele não impede que a criança burle suas limitações usando certos dispositivos (como o iPad). Mas ele é barato, e pode fazer sucesso com os pais – vide a campanha no Kickstarter.

Será que ele daria certo no Brasil? Song diz que está interessado no mercado brasileiro, visitando o país diversas vezes nos últimos 10 anos.

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Na verdade, ele revela que, ao aperfeiçoar o MiiPC, recebeu dicas de uma grande fabricante brasileira de computadores. Inicialmente, você precisava de um smartphone ou tablet para configurar o MiiPC, mas eles ainda são incomuns em países emergentes; agora dá para fazer tudo direto no aparelho.

Também havia uma necessidade quase constante de acesso à internet para tudo funcionar, mas a empresa brasileira notou que, por aqui, isso não daria certo. Como Song sempre visitava cidades grandes, não fazia ideia disso: em São Paulo, por exemplo, a internet “é lenta, mas funciona”. Agora há um modo offline no MiiPC.

Song pretende oferecer o MiiPC no Brasil, mas ainda é cedo para saber quando – e o mais importante, por qual preço. Já é possível comprá-lo no site da empresa, mas a interface ainda precisa ser traduzida para o português. Ele custa de US$ 129 a US$ 149 na pré-venda, e será lançado em duas semanas.

O Gizmodo Brasil viajou para Berlim a convite da Philips.

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