O Brasil vai na contramão da tendência mundial – a riqueza global caiu pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, mas o número de milionários quase dobrou no Brasil. É o que mostra o Relatório de Riqueza Global 2023 (Global Wealth Report 2023, em inglês), divulgado pelo banco Credit Suisse e pelo UBS.
O número de brasileiros com riqueza acima de US$ 1 milhão passou de 293 mil, em 2021, para 413 mil no ano passado. O material também aponta que no fim de 2022, havia cerca de 59,4 milhões de milionários no mundo, 3,5 milhões a menos que no ano anterior.
A “riqueza” é definida como o valor dos ativos financeiros mais os ativos reais (principalmente moradias) de propriedade das famílias, menos suas dívidas. Além do Brasil, Irã, Noruega, México e Rússia completam a lista de países que mais ganharam milionários no período.
Publicado nesta terça-feira (15), o documento ainda mostra que a riqueza privada líquida total caiu US$ 11,3 trilhões (-2,4%) para US$ 454,4 trilhões no fim de 2022. O número de indivíduos com patrimônio acima de US$ 50 milhões, os “super-ricos”, também caiu – havia 243 mil membros desse grupo no fim de 2022, 22,5 mil a menos que no ano anterior.
De qualquer forma, ainda há muito mais milionários nos EUA do que em qualquer outro país. A China teve o segundo maior número, com 6,2 milhões. O banco suíço afirma que o motivo da queda na riqueza global deve ser a alta inflação e o colapso de muitas moedas em relação ao dólar.
“A evolução da riqueza provou ser resiliente durante a era do covid-19 e cresceu em um ritmo recorde em 2021. Mas a inflação, o aumento das taxas de juros e a depreciação da moeda causaram uma reversão em 2022″, diz o relatório.
As 500 pessoas mais ricas do mundo perderam um total de US$ 1,4 trilhão em 2022, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg. Elon Musk, que atualmente é a pessoa mais rica do mundo e cofundador da Tesla, perdeu US$ 138 bilhões em 2022, ano em que concluiu a aquisição do Twitter por US$ 44 bilhões.
O levantamento projeta que a riqueza global deve aumentar 38% nos próximos cinco anos, atingindo US$ 629 trilhões até 2027, impulsionada, principalmente, por países de renda média. No mesmo ano, o número de milionários deve chegar a 86 milhões e o de super-ricos deve aumentar a 372 mil.