Mineração de bitcoins consome mais energia que Bélgica e Finlândia

Entenda por que minerar bitcoins é uma atividade com demanda energética tão grande
Mineração de bitcoins consome mais energia que Bélgica e Finlândia
Imagem: Marco Krohn/WikiCommons

A mineração de bitcoins em todo mundo consome 86,6 terawatts (TWh) por ano – mais energia que países inteiros, como a Bélgica (81,2 TWh) e Finlândia (79,4 TWh). A informação está no CBECI, índice de que mede o consumo de eletricidade nas minerações de criptomoedas, da Universidade de Cambridge.

Entre o final de 2021 e os primeiros meses de 2022, a mineração de criptomoedas consumiu mais de 200 TWh. Vale lembrar: um terawatt é o mesmo que 1 bilhão de kilowatts. 

O consumo de energia é alto por que, ao serem negociados, os bitcoins exigem que computadores de todo o mundo completem um cálculo para criar o número hexadecimal de 64 dígitos que vai garantir sua existência. Esse número vai para uma espécie de “livro público”, para que qualquer pessoa do mundo possa confirmar a transação.

É aí que entra o alto gasto de eletricidade: computadores do mundo todo ficam ligados dia e noite para receber essa informação e tentar resolver o cálculo antes dos demais. Tem uma recompensa: quem calcular primeiro leva 6,2 bitcoins – ou mais de R$ 740 mil no câmbio atual. 

Um levantamento do site Digiconomist estimou que uma única transação de criptomoedas precisa de 1.449 kWh para ser concluída. Segundo dados de 2019 do EPE, isso daria para abastecer uma casa na região do Brasil por seis meses.

De onde vem o consumo

É claro que os computadores usados na mineração de bitcoins não são os desktops e laptops que conhecemos. Enquanto nossos equipamentos para trabalhar, estudar ou jogar têm uma única placa gráfica, esses computadores possuem várias – e das mais potentes.

São verdadeiros megazords capazes de lidar com cálculos infinitos e, por isso, dependentes de fontes de alimentação de altíssima potência — o que explica tanto consumo de energia. 

As placas gráficas desses computadores trabalham 24 horas por dia. O consumo de energia, nesse caso, é muito superior à navegação na internet. Um equipamento com 3 placas gráficas pode consumir 1.000 watts de energia, ou mais, quando em execução. Isso é o mesmo que ter um ar condicionado do tamanho de uma janela ligado. 

Empresas de mineração de criptomoedas têm centenas ou milhares de placas gráficas em um só local. Um centro no Cazaquistão possui 50 mil plataformas. Na China, há outro com tantas placas que a conta mensal de eletricidade fica sempre na casa de US$ 1 milhão. Esses locais mineram, em média, 750 bitcoins por mês. 

O que está sendo feito 

Podemos dizer que avançamos pouco. A China, um dos países com mais mineradores de bitcoins, foi o primeiro país a proibir a prática. Mesmo assim, ainda há relatos de pessoas que buscam a província de Sichuan, onde a energia hidrelétrica é mais barata, para entrar no mercado.

Operadores da moeda Ethereum – o 2º mais popular depois do Bitcoin – testam o Ethereum 2.0, tipo de moeda que não necessita da competição para solucionar os cálculos de computadores. Nesse caso, os sistemas seriam selecionados aleatoriamente para o blockchain. Enquanto isso, os não-selecionados validam o que foi criado. 

A expectativa é que isso reduza em 99,95% o uso de energia decorrente da mineração de bitcoins. Segundo informações do CNET, a previsão para a transição aconteça em 19 de setembro.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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