Cientistas afirmam que a Mona Lisa não passa no teste do Efeito Mona Lisa

O “Efeito Mona Lisa” é um termo usado para descrever a percepção que temos quando uma personagem de uma obra de arte parece nos seguir com os olhos. Curiosamente, alguns cientistas afirmam que a Mona Lisa não tem essa característica. Depois do sorriso vacilante, o olhar da Mona Lisa é provavelmente o aspecto mais famoso […]

O “Efeito Mona Lisa” é um termo usado para descrever a percepção que temos quando uma personagem de uma obra de arte parece nos seguir com os olhos. Curiosamente, alguns cientistas afirmam que a Mona Lisa não tem essa característica.

Depois do sorriso vacilante, o olhar da Mona Lisa é provavelmente o aspecto mais famoso da pintura de DaVinci. Muitas pessoas dizem ter a sensação de que a moça do retrato as segue com os olhos. Desde os anos 1960 que equipes científicas estudam esta percepção, e o” Efeito Mona Lisa” é geralmente aceito como um fenômeno legítimo.

• Esta imagem da Mona Lisa foi feita com bactérias E. coli

Mas de acordo com um grupo da Universidade de Bielefeld, na Alemanha, ninguém nunca fez um teste rigoroso para ver se esse efeito está presente na própria Mona Lisa. Eles decidiram fazer o próprio estudo e publicaram um artigo que conclui: “Não há dúvida sobre a existência do ‘efeito Mona Lisa’ – só que ele não acontece com a própria Mona Lisa“.

Sebastian Loth e Gernot Horstmann, responsáveis pelo novo artigo, pesquisam vários aspectos da comunicação com robôs e avatares. O olhar direcional é importante para a interação entre humanos e personagens virtuais, uma vez que pode ajudar a indicar que um espectador deve olhar em uma determinada direção, por exemplo.

Depois de encontrarem o “Efeito Mona Lisa” em uma outra pesquisa, eles se propuseram a fazer um estudo confiável sobre a Mona Lisa em si, usando um grupo de 24 indivíduos.

Imagem: Sebastian Loth e Gernot Horstmann

Cada membro do grupo de teste foi posicionado em frente a uma tela que exibia a Mona Lisa. Uma régua de carpinteiro de dois metros foi colocada entre a tela e o sujeito, a uma determinada distância.

Em vez de perguntarem se os indivíduos sentiam como se Mona Lisa estivesse olhando para eles, a pergunta era: para qual ponto da régua você acredita que a mulher está olhando?

Esse experimento foi repetido duas mil vezes. A fim de evitar que os participantes ficassem “viciados”, eles incluíram diversas variáveis: outra régua foi colocada a duas vezes a distância da tela, o retrato foi exibido em vários níveis de zoom, e o quadro foi deslocado ligeiramente para a esquerda e direita em alguns momentos.

Imagem: Sebastian Loth e Gernot Horstmann

A maioria dos participantes do teste tinha uma percepção de que Mona Lisa olhava para o lado direito com um ângulo médio de 15,4°, independentemente das condições do teste.

Citando os resultados de um estudo de 2007, os pesquisadores disseram que as pessoas sentem que estão sendo observadas quando um olhar é dirigido a elas dentro de um ângulo visual de 10° ou 5° para cada lado. Por isso, segundo eles, a Mona Lisa não passa no teste do “Efeito Mona Lisa”.

Num comunicado à imprensa, Horstmann disse que o termo “Efeito Mona Lisa” é “nada mais que um nome equivocado”. Na sua avaliação, as pessoas devem ficar atentas para as suas próprias tendências narcisistas caso sintam que os olhos da Mona Lisa as seguem. “Isso ilustra o forte desejo de ser percebido e ser o centro da atenção de outra pessoa – ser relevante para alguém, mesmo que você não conheça a pessoa”, concluiu Hortmann.

A ciência provavelmente não vai convencer ninguém que já esteve no Louvre e sentiu que Mona Lisa estava o acompanhando com os olhos. E não está claro exatamente como essa pesquisa vai ajudar no desenvolvimento de avatares virtuais. Mas talvez devêssemos considerar dar um novo nome a esse fenômeno.

[i-Perception via Ars Technica]

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