O advogado norte-americano Paul Alexander, o homem que desafiou as expectativas médicas ao viver 70 anos dentro de um “pulmão de ferro”, morreu aos 78 anos na segunda-feira (11).
A morte de Alexander foi atribuída às complicações da Covid-19. Nascido em uma época em que a poliomielite era uma ameaça global, Alexander tornou-se um dos últimos sobreviventes a depender dessa tecnologia obsoleta.
O “pulmão de ferro”, uma câmara de pressão negativa que envolve o corpo, exceto a cabeça, simula a respiração ao alternar a pressão no tórax.
Com o advento das vacinas e tratamentos modernos, o uso desses dispositivos diminuiu drasticamente, tornando a história de Alexander ainda mais impressionante.
Vida de superação
Apesar de confinado ao seu cilindro metálico, Alexander não permitiu que suas limitações físicas o impedissem. Sua jornada começou aos 6 anos, quando foi diagnosticado com poliomielite e ficou paralisado do pescoço para baixo.
Desde então, o “pulmão de ferro” tornou-se seu companheiro constante, permitindo-lhe respirar. Após o susto inicial, ele deixou o hospital e aprendeu a usar os músculos da garganta para forçar o ar a entrar nos pulmões. Assim, ele conseguia passar alguns períodos fora do “pulmão de ferro”.
Ele se formou em Direito, tornou-se advogado e autor. Foi aprovado no exame da ordem e passou sua carreira praticando direito de família e administrando seu próprio escritório jurídico. Alexander representou seus clientes em uma cadeira de rodas.
Paul Alexander entrou para o Guinness em 2022 por ser a pessoa que fez uso de um ventilador de pressão negativa, conhecido como “pulmão de ferro” por mais tempo.
Como funciona o pulmão de ferro
O ser humano, assim como a maior parte dos animais, respira através de pressão negativa. A caixa torácica expande-se e o diafragma contrai-se, alargando a cavidade torácica.
Isto faz com que a pressão do ar no interior dos pulmões diminua para valores inferiores ao da atmosfera, fazendo com que o ar circule para o seu interior (inalação).
Quando o diafragma relaxa, dá-se a situação inversa (exalação). Quando determinada pessoa perde total ou parcialmente a capacidade de controlar os músculos envolvidos no processo, a respiração torna-se difícil ou impossível.
Dessa forma, num pulmão de aço, o paciente é colocado numa câmara central cilíndrica em aço, selada por uma porta que permite o movimento da cabeça e pescoço. Assim, existem bombas que controlam a circulação de ar que periodicamente aumentam e diminuem a pressão do ar no interior da câmara.
Quando a pressão é inferior à dos pulmões, estes expandem-se e a pressão faz com que o ar exterior entre nos pulmões através das vias respiratórias do paciente. Quando a pressão aumenta para um valor superior à dos pulmões, acontece o inverso e o ar é forçado a sair.
Dessa forma, o pulmão de aço mimetiza o processo fisiológico da respiração.