Motofretistas protestam em SP contra redução no valor pago por uma empresa de app de entregas
Atualização (21/11): a Loggi decidiu retomar o preço anterior de tabela. O texto original segue abaixo com um comunicado oficial da companhia no fim.
Motofretistas ligados ao serviço de entregas Loggi fizeram uma manifestação em São Paulo na quinta-feira (17) contra um corte no valor pago pelos trabalhos prestados à empresa.
• Uber busca motociclistas para começar a fazer delivery de comida em São Paulo
Segundo o Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxi do Estado de São Paulo (SindimotoSP), 5.000 pessoas participaram do protesto. É possível ver alguns vídeos da manifestação no YouTube:
A Loggi oferece um serviço que conecta uma pessoa que precisa fazer uma entrega a um motofretista próximo que pode fazer esse trabalho. É mais ou menos como um Uber da vida, inclusive no fato de que não há vínculo empregatício entre a empresa por trás do Loggi e os motociclistas que fazem as entregas.
A questão trabalhista, aliás, é um dos pontos criticados pelos motofretistas. “Dessa forma que está, não dá. A questão da relação trabalho e trabalhador-empresa precisa ser melhor entendida,” disse Gilberto Almeida, presidente do SindimotoSP, ao G1.
Segundo a descrição de um vídeo das manifestações, a Loggi diminuiu o valor da hora trabalhada pelos motofretistas de R$ 18 para R$ 10. “O negócio foi lá embaixo mesmo, sendo que a documentação, o seguro de vida, gasolina, é tudo risco nosso”, disse o motofretista Márcio Cardozo Alvez.
A Loggi diz que está implementando um novo sistema de preços, e que os motofretistas vão poder “diminuir a ociosidade com mais solicitações, o que aumentaria o ganho por hora das entregas.”
Contatamos a Loggi para comentar os protestos, e eles enviaram o comunicado abaixo:
Nos seus três anos de existência, a Loggi transformou o mercado de motofrete e tem trazido à categoria amplos ganhos e conquistas. Antes do início de suas operações, o motofrete era uma atividade marginalizada, considerada até como subemprego, mal atingindo uma renda média líquida mensal de R$ 1.300,00.
Hoje, todos os nossos parceiros, motofretistas afiliados à plataforma da Loggi seguem e atendem as Leis Federais e Municipais, pagam tributos, fazem contribuição ao INSS e tiveram sua renda substancialmente aumentada – um motofretista da Loggi alcança um recebimento de R$ 25,00 por hora, o que perfaz uma renda média líquida superior a R$ 2.000,00 mensais, trabalhando 4 horas por dia.
A implantação de uma nova tabela de preços, porém, gerou amplo descontentamento por parte desses nossos motofretistas Embora tenha sido elaborada exatamente para beneficiar tanto nossos parceiros como nossos clientes e a própria Loggi, ela pecou por não contar com a contribuição e opinião desses que são nossos principais aliados na modernização e profissionalização da atividade.
Desta forma, fiel a sua cultura de transparência, respeito e diálogo, a Loggi reviu este passo e decidiu voltar à sua tabela anterior. Além disso, percebeu que os ganhos e vantagens proporcionados pela nova tabela não tinham sido percebidos por seus parceiros, como a redução do tempo perdido – em cada oito horas de trabalho, o motofretista tem duas de ociosidade, o que mina seus ganhos e o afasta do convívio familiar.
Assim, optou por reiniciar o processo, esclarecendo ponto a ponto essas vantagens e estabelecendo um sistema de comunicação entre a empresa e um comitê de motofretistas para apresentar e discutir em detalhe essa revisão.
Continuaremos promovendo um diálogo ativo e permanente com nossos parceiros, sempre trabalhando juntos pela profissionalização, especialização e inserção cada vez maior da atividade de motofrete na modernidade.
[G1]
Imagem do topo via Sindicato dos Motoboys