Motorista do Uber afirma ter sido sequestrado e agredido por taxistas
A guerra entre motoristas do aplicativo Uber e taxistas se acirra cada vez mais — com direito até mesmo a sequestro. Segundo informações da Folha de S. Paulo, um colaborador do Uber acusa taxistas de o terem sequestrado e agredido na noite desse sábado (8), em São Paulo.
Durante a oitava viagem do dia, por volta das 3h30 da manhã, o motorista afirma ter sido cercado por aproximadamente 20 taxistas no bairro Itaim Bibi, região nobre da cidade de São Paulo. Ele tentou fugir dando marcha ré no veículo e a pé, mas sem sucesso: foi alcançado por quatro homens, um deles armado, que o forçaram a entra em um táxi modelo Chevrolet Cobalt.
Ainda segundo depoimento da vítima à polícia, ele foi agredido com um soco na boca durante uma viagem que durou cerca de 30 minutos dentro do táxi. O homem foi deixado por taxistas na rua Funchal, na Vila Olímpia, a quase 1,5 km de onde foi sequestrado.
O veículo do colaborador, um Hyundai Azera, foi encontrado quatro horas depois da ocorrência completamente danificado na mesma região do sequestro, de acordo com o boletim de ocorrência.
À Folha, Natalício Bezerra, presidente do Sinditaxi (Sindicato dos Taxistas Autônomos de SP), diz que a agressão foi causada pela não proibição do aplicativo. “Os motoristas estão revoltados com razão. Se essas autoridades não tomarem nenhuma iniciativa, as coisas podem piorar”, disse.
A fala de Bezerra remete à afirmação que Antônio Raimundo Matias dos Santos, presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de SP fez em junho, durante uma audiência na Câmara dos Deputados que discutiu a regulamentação de aplicativos como o Uber no país. “Vai ter morte“, disse ele, caso as autoridades não tomassem alguma atitude — a atitude seria bloquear o funcionamento do aplicativo no país.
Em um comunicado, o Uber afirmar ser “inaceitável ver violência sendo usada contra gente que respeita as leis”. Diz ainda oferecer total apoio ao motorista violentado e busca junto das autoridades os taxistas responsáveis pela agressão.
Violência
Casos de taxistas agindo de forma violenta contra motoristas Uber não é novidade. Tem sobrado até mesmo aos passageiros: um casal de Belo Horizonte, em Minas Gerais, foi agredido por taxistas por usar o Uber no início deste mês.
A jornalista Luciana Machado explica em um post no Facebook que foi cercada, junto do marido, por três taxistas quando tentavam embarcar em um veículo Uber. Ao tentar argumentar com eles, o marido de Luciana foi agredido. Ela explica que essa foi a segunda vez que sofreu uma abordagem agressiva da classe ao tentar usar o Uber. Em um vídeo, ele dá mais detalhes sobre o ocorrido.
Ricardo Faedda, presidente do Sindicato dos Taxistas de Minas Gerais, afirma ao Estado de Minas que repudia a violência, mas que ela deixaria de ocorrer caso “os órgão competentes da fiscalização agissem para coibir a violação das leis do sistema de transporte”. Luciana afirma no post que os taxistas perdem a razão ao usar a violência e que irá procurar seus direitos legais. “As agressões dos taxistas estão cada vez mais promovendo a ineficácia do serviço e trabalhando a favor do tão temido inimigo Uber”, completa. [Folha, EM]