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O que aconteceu com a Mozilla e o Firefox?

A Mozilla anunciou uma nova marca que se parece com algo dos anos 1990.

A Mozilla tem um novo logo, mais uma tentativa da companhia para se recolocar no mercado como uma empresa moderna de tecnologia que merece a sua atenção. Não é nenhuma surpresa o fato da companhia tentar continuar relevante de alguma forma, já que o seu principal produto, o navegador Firefox, tem apresentado uma contínua queda vertiginosa de adoção.

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Em algum lugar do mundo existe um designer que ainda usa Adobe Pagemaker e está muito orgulhoso do seu trabalho com esse novo logo. E a gente ainda está se perguntando onde a Mozilla que nós conhecíamos se enfiou.

Só um designer de logos de 1997 acharia que essa nova marca é uma boa ideia. Naquela época, empresas com foco em internet insistiam em incluir ou fazer uma alusão a sua URL no logo e no nome. “Porque tem um pedaço de URL incorporado no meio do logo, você sabe que deve ser um tipo de empresa relacionada com internet”, disse o diretor criativo da Mozilla, Tim Murray, à Wired num artigo publicado hoje, em 2017.

Sim, Tim. Essa era uma boa ideia há uns 20 anos quando a maioria das pessoas pensavam que a internet era só um link além da página de boas vindas da AOL. Mas vivemos em 2017, Tim, e em vez de parecer ou soar legal, a Mozilla agora parece dolorosamente desligada da realidade.

O logo não deveria ser terrível assim, mas ele ressalta quão mal a Mozilla está das pernas, enquanto luta para retornar aos seus dias de glória. Durante a última metade da década eles vacilaram, e o Firefox perdeu boa fatia do mercado para o Google Chrome e Microsoft Edge. A companhia foi forçada a encerrar seu software open-source de email, o Thunderbird, em 2012. E não vamos esquecer o grande deslize que foi o Firefox OS, a tentativa da Mozilla de competir com o Android e iOS.

Por outro lado, a empresa teve alguns vitórias recentemente. Quando bloqueou automaticamente o Flash para proteger os usuários de graves brechas de segurança, por exemplo. Ou quando lançou o Focus para iOS, um ótimo navegador super privado.

Mas as vitórias são pequenas, e não foram o suficiente para tirar a Mozilla, ou o Firefox, dessa terrível queda. O que é uma pena. O Firefox já foi o browser mais inovador do mundo. Ele era mais rápido e mais seguro do que o Safari ou Internet Explorer, e oferecia naquele tempo inovações como abas, bloqueio de anúncios e até mesmo extensões.

Mas aí chegou o Google e ofereceu tudo isso num pacote ainda mais rápido e mais atrativo. Eles trouxeram a nuvem junto também – dando aos usuários acesso a todos os favoritos, senhas e até o histórico em todos os dispositivos. O Firefox trouxe seu componente na nuvem, mas quando isso aconteceu já era tarde, o Chrome tinha tomado o seu lugar, e em março de 2016 também ultrapassou o Internet Explorer.

Dados e gráficos da Netmarketshare

Um novo logo terrível que parece ter sido desenhado por um hacker de 13 anos numa época que as Spice Girls não tinha emplacado nenhum hit não vai consertar o estrago. Na verdade, é a representação dos fracassos da empresa em vez de ser um anúncio de um renascimento. O Firefox está mal das pernas porque se tornou inchado, feio e lento. É um software que quer ser onipresente, mas leva quase dez anos para fazer uma versão 64 bits para o Windows.

E é uma pena. Os navegadores mais populares rastreiam cada movimento que você faz na internet, construindo cuidadosamente uma imagem exata das suas atividades online, enquanto armazena todas as suas senhas e usernames. Esses browsers também são feitos pelas três maiores empresas do mundo: Google, Apple e Microsoft.

Então uma alternativa veloz, com bastante suporte dos desenvolvedores e comprometimento com o modelo de código aberto, que ajuda a democratizar o desenvolvimento de software, é algo muito atraente. Era o que o Firefox costumava ser, antes de ficar para trás. Vamos torcer para que a Mozilla comece a caminhar novamente nessa direção.

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