Mudanças climáticas: bioma da Sibéria pode desaparecer até 2500
Um estudo feito por pesquisadores do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha, na Alemanha, sugere que pelo menos dois terços da tundra siberiana devem desaparecer até o ano de 2500. Ao mesmo tempo, o derretimento do permafrost (solo congelado) na região levará a uma intensa liberação de gases do efeito estufa no ambiente, acelerando o aquecimento global.
As temperaturas no Ártico subiram cerca de 4ºC entre 1960 e 2019. O calor acaba reduzindo a cobertura de gelo marinho e, consequentemente, permitindo a invasão das florestas de lariço. A nova vegetação vai tomando conta do espaço, cobrindo a paisagem típica de gramíneas, musgos e arbustos.
Agora, os cientistas utilizaram simulações de computador para prever a perda dos 4 mil quilômetros de tundra siberiana dentro dos próximos 500 anos. O modelo tem as árvores como base, considerando como as temperaturas afetam em seu crescimento, quão longe elas podem dispersar suas sementes, influência da chuva, entre outros pontos. O estudo completo foi publicado na revista científica eLife.
Mesmo dentro de um cenário otimista, em que as emissões de carbono sejam reduzidas a zero até 2100, a maior parte da tundra ainda seria destruída. Para ser mais exato, sobraria apenas 32,7% do bioma da Sibéria até 2500. Caso as emissões de carbono não sejam cessadas até 2050, as florestas de lariço irão cobrir 94,3% do ambiente neste intervalo de tempo.
A consequência disso é que as florestas, por serem mais escuras que a neve da tundra, acabam retendo mais calor. Dessa forma, o Ártico fica mais quente, o que acelera o derretimento do permafrost. O gelo, que armazena cerca de 1,4 mil gigatoneladas de gases do efeito estufa, acaba derretendo e libera os poluentes. Vírus e micróbios congelados há tempos também podem ser liberados nesse processo.
Os efeitos do fim do bioma da Sibéria para os animais que vivem na região não estão claros. Porém, os cientistas acreditam que as mudanças irão impactar na migração e ciclos de vida de renas. Como resultado, os povos nativos nenets, que habitam uma região autônoma do norte da Sibéria e vivem do pastoreio das renas, também devem ser impactados.