Mudanças climáticas estão “sufocando” as plantas em todo o mundo

Uma das principais lições das aulas de biologia é entender como funciona a fotossíntese. As plantas absorvem água e CO2, para então converter tudo isso em oxigênio e carboidratos. O primeiro é liberado e o segundo acaba por alimentar a própria planta. Dessa forma, elas armazenam carbono dentro de si e também no solo – […]
Imagem: Vinicius Benedit/ Unsplash/ Reprodução

Uma das principais lições das aulas de biologia é entender como funciona a fotossíntese. As plantas absorvem água e CO2, para então converter tudo isso em oxigênio e carboidratos. O primeiro é liberado e o segundo acaba por alimentar a própria planta.

Dessa forma, elas armazenam carbono dentro de si e também no solo – e por isso são tão importantes para a atmosfera. 

Seguindo essa lógica, é esperado que, quanto mais CO2 disponível, mais esse processo acontece. Isso aumentaria o rendimento e o crescimento das plantas, ao mesmo tempo que funcionaria como um freio para as mudanças climáticas. Mas não é bem assim.

Embora uma pesquisa de 2016 tenha mostrado que a taxa de fotossíntese em todo o mundo realmente estava aumentando, um novo estudo publicado na Science aponta para outro caminho. 

O que diz o novo estudo

De acordo com as novas análises, há evidências de que essa taxa tem desacelerado desde 2001 e em breve pode se estabilizar, chegando a um platô.

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores utilizaram o aprendizado de máquina para identificar mudanças em imagens de vários tipos de lugares com vegetação, como florestas, savanas e regiões de cultivo, capturadas por satélites. 

Assim, puderam detectar alterações na coloração das folhas, característica que indica as taxas de fotossíntese. 

Em paralelo, os pesquisadores também analisaram dados sobre os níveis de CO2 e vapor d’água na atmosfera entre 1982 a 2016. Cruzando estas informações, foi possível determinar as mudanças nas taxas de fotossíntese neste período. 

Os resultados confirmaram que, no início, o aumento de nível de CO2 também aumentava as taxas de fotossíntese. No entanto, a partir dos anos 2000, isso deixou de acontecer. E a culpa é da própria mudança climática.

Barrando a fotossíntese

De acordo com os autores do estudo, a desaceleração das taxas de fotossíntese se deve provavelmente a um aumento no déficit de pressão de vapor que, basicamente, é uma medida de quão seco o ar está.

Um aumento na pressão de vapor significa que o ar está mais seco e isso faz com que mais água evapore dos tecidos das plantas através da transpiração – o que é chamado de estresse hídrico.

Para evitar a perda excessiva de água, as plantas fecham os estômatos, que são pequenas aberturas nas folhas. Como o CO2 também utiliza esses poros para entrar na planta, esse processo é barrado. Assim, a fotossíntese deixa de acontecer.

Como o aumento na pressão de vapor é induzido pelo aumento da temperatura, os pesquisadores concluíram que a capacidade dos ecossistemas globais de assimilar carbono é prejudicada pelos próprios efeitos adversos das mudanças climáticas.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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