Mudanças climáticas estão tornando turbulências em voos mais frequentes
Para cientistas que investigam a atmosfera terrestre, as mudanças climáticas estão tornando as turbulências em voos mais frequentes e severas. Em 2023, pesquisadores do Reino Unido publicaram uma pesquisa na revista Geophysical Research Letters que mostra que esses eventos se tornaram 55% mais comuns sobre o Atlântico Norte — incluindo no Norte do Brasil.
Recentemente, um dos autores do estudo, Paul D. Williams, da Universidade de Reading, na Inglaterra, voltou a comentar essa constatação para a revista Nature. Além disso, os dados de sua pesquisa evidenciam grandes aumentos em turbulências de ar claro — que são aquelas que ocorrem fora de nuvens e são mais fortes que a gravidade da Terra –, nas últimas quatro décadas.
A teoria à prova
Para especialistas, isso ocorre como um dos resultados das mudanças climáticas. Em geral, elas fortalecem correntes de jatos, que são fortes fluxos de ar que circulam o planeta. E as turbulências frequentemente acontecem nas bordas dessas correntes.
A fim de testar como isso acontece, Williams e um grupo de pesquisadores criaram um modelo climático. Nele, estimaram as mudanças na turbulência de ar claro à medida que as temperaturas aumentam. Como resultado, eles descobriram que as turbulências severas se tornam mais frequentes nessas condições do que aquelas de nível leve ou moderado.
“Não é que teremos que parar de voar, ou que os aviões começarão a cair do céu. Estou apenas dizendo que, para cada 10 minutos que você passou em turbulência severa no passado, isso pode se tornar 20 ou 30 minutos no futuro”, explicou Paul Williams, autor da pesquisa, também à Nature.
Em geral, centros meteorológicos conseguem prever turbulências, de forma que pilotos se baseiam nessas previsões para planejar rotas de voos. Mas, por enquanto, os radares utilizados identificam apenas aquelas com nuvens de tempestade.
Dessa forma, turbulências de ar claro não são captadas. Contudo, uma tecnologia chamada LiDAR pode ajudar, pois utiliza um comprimento de onda de luz diferente e, assim, consegue detectar o fenômeno. Ela ainda é cara e requer uma caixa grande e pesada para funcionar, mas se puder ser adaptada, deve representar uma opção para reduzir as turbulências durante voos.
Vale destacar que não é apenas no Atlântico Norte que as mudanças climáticas aumentam a turbulência em voos. Isso também está ocorrendo no Brasil.