Mudanças climáticas podem intensificar futuras epidemias
Ao falar em aquecimento global, é comum que as pessoas pensem nas alterações de temperatura, derretimento de geleiras ou mesmo em eventos de chuva extrema. Mas o problema não se resume a isso: a chegada de novas epidemias e pandemias também pode ser resultado das mudanças climáticas.
Há cerca de 10 mil espécies de vírus com capacidade de infectar humanos na Terra. Por enquanto, a maior parte deles está circulando silenciosamente em mamíferos selvagens. Mas isso pode mudar.
Os animais já estão migrando para áreas mais frias, invadindo ambientes que não são comuns a eles. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, mostra a probabilidade do encontro entre diferentes espécies, que podem acabar “trocando vírus” e gerando problemas de saúde pública.
A pesquisa publicada na revista Nature sugere que a maior propagação de vírus ocorrerá mesmo que o mundo se limite ao aquecimento de 2 ºC, proposto no Acordo de Paris. Os principais agentes do caos serão os morcegos, hospedeiros do patógeno capazes de viajar longas distâncias em busca de ambientes confortáveis.
Os cientistas realizaram simulações com 4 mil mamíferos. As previsões apontam que, em algum momento, todos os animais terão contato com alguma nova espécie. Porém, há regiões com maior potencial de espalhamento de vírus, como as montanhas da África Oriental e do Sudeste Asiático.
As mudanças climáticas remodelam o habitat dos mamíferos. Ao mesmo tempo, o desmatamento e a urbanização fazem com que os humanos estejam cada vez mais próximos do ambiente selvagem. Tudo isso se soma à caça ilegal e ao consumo desses animais, criando um cenário perfeito para o desenvolvimento de doenças zoonóticas.