Música de Pink Floyd é recriada a partir da atividade cerebral de ouvintes

Usando "Another Brick in the Wall", estudo demonstrou que atividade elétrica do cérebro pode ser decodificada e usada para reconstruir uma música
Banda Pink Floyd

Um grupo de neurocientistas recriou a famosa música “Another Brick in the Wall, Part 1”, do Pink Floyd, usando ondas cerebrais captadas enquanto pessoas ouviam a música. Não entendeu? A gente explica.

O estudo, que foi publicado na revista científica PLOS Biology, analisou dados de 29 pessoas que estavam em cirurgia. Então, os pesquisadores colocaram pra tocar o clássico do rock durante o procedimento.

As ondas cerebrais foram capturadas por conjuntos de eletrodos colocados diretamente na superfície do cérebro, usados para monitorar ataques epiléticos durante a cirurgia.

Enquanto os participantes ouviam a música do álbum “The Wall”, os eletrodos capturaram as ondas elétricas de várias regiões do cérebro. O modelo revelou a maneira de que forma essas ondas respondiam a elementos como tom, ritmo, harmonia e a letra da canção.

Além disso, os pesquisadores também identificaram quais partes do cérebro respondem às diferentes características da música. A central de processamento de áudio, por exemplo, fica logo atrás e acima da orelha, e responde a uma voz ou sintetizador. 

De ondas cerebrais a música

Para transformar todos os dados coletados em som, os pesquisadores treinaram um modelo de inteligência artificial. Assim, ele poderia decifrar as ondas cerebrais captadas. 

O resultado foi um áudio distorcido, distinto da música que os participantes estavam ouvindo. Mas em entrevista ao EuroNews, os autores do estudo disseram que dá pra reconhecer a famosa “All in all it’s just another brick in the wall”.

“Parece que eles estão falando debaixo d’água, mas é a nossa primeira tentativa”, afirmou Robert Knight, que é neurologista e professor da UC Berkeley.

Avanço na ciência

É um dos primeiros estudos a demonstrar que a atividade elétrica do cérebro pode ser decodificada e usada para reconstruir a música. 

Estudos anteriores já buscavam maneiras de reconstruir sons a partir de ondas cerebrais. O próprio Robert Knight foi a primeira pessoa a reconstruir com sucesso gravações de áudio, mas apenas de algumas palavras que os participantes ouviram enquanto usavam eletrodos implantados.

Desde então, técnicas semelhantes puderam reproduzir imagens visualizadas através de escaneamentos cerebrais. Agora, os pesquisadores esperam que essa metodologia consiga ser aperfeiçoada para ajudar as pessoas que perderam a capacidade de falar.

E por que uma música do Pink Floyd?

De acordo com Ludovic Bellier, outro autor do estudo, há um explicação científica. “A música tem muitas camadas. Traz acordes complexos, instrumentos diferentes e ritmos diversos que a tornam interessante de analisar”, afirmou, em entrevista à Scientific American. Há, claro, um outro motivo: seu gosto pessoal pela banda Pink Floyd.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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