Brilhantes cientistas da Billboard conduziram um rápido estudo sobre um misterioso novo fenômeno: as canções do iTunes mais caras, de US$ 1,29, estão ficando menos populares! (Na verdade, os resultados surpreendem.)
Um dia depois do aumento de preços, o top 100 era formado por 40 canções de US$ 1,29 e 60 de US$ 0,99. As primeiras caíram uma média de 5,3 posições; as últimas subiram 2,5. A queda média total das músicas mais caras desde o aumento de preços é de cerca de três posições. O que soa como se as massas estivessem a punir os selos gananciosos, mas não é isso – a ganância vence:
Para um aumento de preço (de US$ 0,99 para US$ 1,29) resultar em um montante de receita igual ou maior, as vendas unitárias podem cair até 23,3%. No quadro mais recente de download de faixas, a diferença entre os números 42 e 45 era de apenas 3,5%. É preciso chegar até o número 6 no quadro para ver uma diferença maior do que 23,3%. A diferença entre as posições número 6 e 3 no quadro equivalem a uma queda de 30% em vendas unitárias, enquanto a diferença entre os números 7 e 4 é uma queda de 19% em vendas unitárias.
Tentamos votar com a nossa grana, e a nossa grana nos atacou pelas costas. [Billboard]
[Emerson Kimura] Eu li o trecho destacado pelo Gizmodo e demorei a entender sua lógica. Para isso, tive que ler o artigo da Billboard. Abaixo, tento explicar.
Grosso modo, ele diz que: 1) No geral, as músicas mais caras caíram de posição no ranking das mais vendidas, e as músicas mais baratas subiram; 2) Uma música que recebeu aumento de preço e passou a vender menos pode, ainda assim, gerar uma receita maior do que gerava com o preço mais baixo e vendas maiores.
Até aí, OK. Mas a minha impressão é os caras da Billboard viajaram na argumentação do ponto 2 (e até por isso a parte destacada pelo Gizmodo é um pouco confusa). O problema é que (pelo menos até onde entendi) eles montam um cenário no qual cada posição do ranking representaria um número de vendas fixo.
Por isso, no trecho destacado pelo Gizmodo, eles apontam a diferença de 3,5% entre as vendas das posições 42 e 45. Em outras palavras, eles querem dizer que, se uma música recebe um aumento de preço e cai da posição 42 para a 45, ela vende 3,5% a menos, mas gera uma receita muito maior. Eu digo que é viagem – eles até meio que admitem isso, e por isso acho que nem deveriam ter se dado ao trabalho de fazer tais argumentações – porque obviamente nada garante que cair da posição 42 para a 45 representará uma queda de 3,5% nas vendas. Assim como não é porque as diferenças entre os números de vendas das canções nas posições 3 e 6 é de 30% que a queda de uma música da posição 3 para a 6 representará uma queda de 30% nas vendas (e, com isso, uma queda na receita).
Essa discutível argumentação não necessariamente invalida o ponto 2, que realmente ocorre, mas ela não acrescenta nada de significativo. Pelo contrário, acho que o artigo ficaria melhor sem ela.
Acho que é isso. Se alguém discorda de mim ou acha que entendi o negócio erroneamente (afinal eu também viajo pra caramba, às vezes), comente!