Ao chegar ao grande galpão em que a LG se fixou na IFA, a maior feira de tecnologia da Europa em Berlim, um mar de telas tridimensionais surge. Não que as outras empresas não tenham isso, mas há aqui um diferencial importante: há dois gigantescos potes lotados de óculos 3D brancos, extremamente simples e quase descartáveis. Enquanto isso, do outro lado da feira, a Panasonic separou boa parte de seu espaço para mostrar quão melhor a tecnologia 3D ativa é em relação ao formato passivo, tão propagandeado pela LG, com comparativos agressivos. A feira de tecnologia se tornou um grande ringue para a disputa entre duas vertentes do 3D.
A disputa é um novo capítulo da novela que começou em 2009, com o surgimento dos televisores 3D, mas que ganhou mais força recentemente após a mudança radical de estratégia da LG: a empresa, que chegou a lançar modelos com 3D ativo, anunciou no meio do ano que só usaria a tecnologia passiva em seus televisores. O argumento é o custo muito mais aceitável dos óculos, além de um resultado que aparentemente não deixa a desejar.
A Philips batizou o 3D passivo de Easy 3D e a versão ativa de 3D Max. Como o Pedro já explicou por aqui quando a LG anunciou a mudança, os nomes parecem coerentes: enquanto no passivo se perde qualidade em prol de comodidade e melhores preços, o 3D ativo é o que as empresas chamam de “o futuro da televisão”, mesmo em modo 3D. Em termos técnicos e em qualidade de imagem, o 3D ativo é o formato que alavanca a próxima geração de televisores.
Do outro lado do time, daqueles que apoiam somente o 3D ativo no momento, ele ganha nomes como 3D Full HD, para tentar fisgar o usuário pelo termo. Na Panasonic, empresa que apostou muito no 3D nesta IFA, há um local com comparativos de imagem explicando cada um dos defeitos do 3D passivo — cross-talk maior, resolução e qualidade menores, imagens e movimento com rastro etc.
A Samsung, apesar de ser a principal concorrente da LG, não deu tanta bola assim ao 3D em seu gigantesco galpão. A empresa coreana preferiu focar no Smart TV, enquanto a Toshiba chamou mais a atenção para a evolução do 3D sem óculos (mais sobre os dois assuntos em breve). Mesmo assim, no trecho que exibia televisores 3D, várias delas exibiam vídeos explicando os motivos da escolha pelo 3D ativo.
Em nossos testes com os modelos 3D passivos da LG, o resultado foi bem satisfatório, e nós já tínhamos concluído em junho que o formato tem muita chance de pegar por causa do preço menos abusivo do óculos 3D, menos cansaço visual somado a um resultado satisfatório de imagem. Ao mesmo tempo, o 3D ativo parece estar evoluindo aos poucos, tentando corrigir seus erros mais graves. O par de óculos usado nas demonstrações da Philips era extremamente leve e sem firulas, talvez o mais simples e eficiente que eu coloquei na cara. Os melhores televisores do mercado, aqueles que quebram as barreiras de níveis de preto e de contraste, são aqueles com 3D ativo.
Ainda há um bocado a evoluir dos dois lados, e por sorte isso está acontecendo com preços cada vez menores – lembre-se que há pouco mais de 1 ano não se achava TV 3D por menos de R$ 8 mil no Brasil. Mas será interessante ver qual tecnologia estará dominando quando acontecer o primeiro boom de transmissão de TV em 3D, ano que vem com as Olimpíadas. Ao menos não é uma questão como o Betamax nos anos 80: qualquer conteúdo em 3D (jogos, filmes ou TV) rodam em qualquer padrão.
* O Gizmodo Brasil viajou para Berlim a convite da Philips e registra a viagem com a X100, câmera da Samsung.