_Facebook

Não curti: Porque a Integração do Facebook é na verdade Antissocial

O Facebook realmente mudou as coisas semana passada. Claro, ele continua desrespeitando a minha privacidade como sempre, mas agora ele recrutou toda a web para ajudar. Então eu estou abandonando qualquer coisa que exija um login de Facebook. O Facebook fez algumas grandes mudanças em termos de aparência e funcionalidade, mas seu inexorável caminho para […]

O Facebook realmente mudou as coisas semana passada. Claro, ele continua desrespeitando a minha privacidade como sempre, mas agora ele recrutou toda a web para ajudar. Então eu estou abandonando qualquer coisa que exija um login de Facebook.

O Facebook fez algumas grandes mudanças em termos de aparência e funcionalidade, mas seu inexorável caminho para nos arrastar a compartilhar publicamente tudo de todos os lugares com todo mundo o tempo todo permanece consistente. As novas funções que mais notavelmente refletem isso são o Timeline e o Ticker. O Ticker mostra updates em tempo real da ação dos seus amigos, enquanto a Timeline arquiva tudo que você já fez no Facebook. Mas a grande mudança, o verdadeiro ataque à sua privacidade, está nas configurações avançadas: Open Graph.

Open Graph é uma ferramenta de desenvolvedor que permite que apps de terceiros e sites relatem suas atividades de volta para o Facebook. Ela é feita para estender ou substituir o botão Like. É uma maneira para sites e serviços se conectarem diretamente no Facebook de qualquer lugar. Se as empresas usaram Open Graph, elas podem publicar no seu Ticker e Timeline também, efetivamente enviando detalhes reveladores em qualquer coisa que você faça, para todos que você conhece, em tempo real. E então o Facebook fica com esses dados para sempre. É a ferramenta de coleta definitiva, uma maneira para o Facebook monitorar você, aonde quer que você vá.

Uma coisa sobre o Open Graph é que na verdade ele é bastante sedutor. Agora, quando eu escuto uma nova música no Spotify (ou Rdio, ou MOG, tanto faz) ela aparece no Ticker do Facebook, no momento que isso acontece. Os meus amigos podem escutá-la também, bem ali. Eles também podem ver informações no meu feed sobre o que eu costumo ouvir. E droga, isso é na verdade bem legal. Ele chega nessa premissa bacana de compartilhamento em tempo real de verdade. Em troca ele só pede o que o Facebook sempre quis: nossa privacidade.

Quando o Facebook anunciou tudo isso na sua conferencia de desenvolvedores F8 na semana passada, o Spotify subiu ao palco. A demonstração foi um sucesso, e as pessoas aplaudiram! Yay, Spotify!

Mas o Spotify que nós conhecemos semana passa é um negócio fundamentalmente diferente do que existe essa semana por um único e simples motivo: Se você quiser entrar no Spotify agora, você tem que se cadastrar com a sua conta do Facebook. Em termos simples, o Spotify não está mais pedindo para acessar os seus dados. Está exigindo. Sem conta no Facebook; sem Spotify. Essencialmente, compartilhamento no Facebook não é mais uma função para novos usuários, é um requisito. Ela deveria saber que para uma empresa que trabalha com o que é novo, popular e bacana, que está fazendo uma ação decididamente não-popular. O Spotify vendeu o seu lado cool.

O Spotify diz que fez isso para promover melhor a descobertas de música. Isso é idiota e mentiroso. Claro, você pode ajudar as pessoas a descobrirem novas músicas ao força-las a promover o seu app no Facebook. Você também pode fazer isso ouvindo um som no último volume em um ônibus lotado. Mas ambas são péssimas maneiras de fazer as coisas. Ambas são exposição forçada.

O Spotify não é o primeiro a deixar o processo de criar contas para o Facebook. Diabos, ele não é nem mesmo o primeiro serviço de música a exigir uma conta do Facebook. O Turntable.fm (outro que se apresentou na F8) já exige login do Facebook desde o seu início. E obviamente existem apps apenas para Facebook suficientes para manter você Zyngando pelo resto de sua miserável vida.

Mas ver um serviço tão grande e hypado como o Spotify – especialmente um que está em uma corrida com outras start-ups concorrentes como Rdio e outros estabelecidos como a Apple para os usuários – aderir ao login apenas através do Facebook é problemático. O Spotify está apostando tudo no Facebook. Ele não irá conseguir um único novo usuário a partir de agora que não seja um usuário do Facebook. Nenhum. Ele está fechando a porta para bilhões de pessoas para ganhar rapidamente milhões. Ainda assim, com certeza ele fez as contas, e acha que vale o preço a se pagar. Até agora, certamente parece estar compensando. E infelizmente isso provavelmente indica que a política de exigir Facebook irá apenas proliferar.

Para ser mais claro, o Spotify – que nem funciona na maior parte do mundo, diga-se – não é o grande problema. É apenas a ponta dele. Ter um app para te delatar quando você está ouvindo algumas músicas toscas é vergonhoso. Mas é muito pior quando você começa a extender Open Graph para todos os lugares e ele começa a bisbilhotar em detalhes muito mais pessoais como, digamos, seus hábitos de leitura.

E isso não é apenas um “e se” maluco. Já está acontecendo no The Washington Post; se você usa o app Social Reader do Post, ele automaticamente relata as reportagens que você lê no Facebook. Como Michael Donohoe aponta, seu interesse repentino em matérias sobre câncer pode alarmar seus amigos e família.

Dada a quase onipresença do Facebook Connect pela web, e a dificuldade de se livrar do seu cookie do Facebook,  você pode facilmente entender como todos os tipos de sites e serviços e apps estão prestes a começar a relatar todo tipo de coisa sobre o seu comportamente, quer você esteja ou não consciente disso.

Você já pode se logar no Hulu com o Facebook Connect, o que acontece quando ele começar a relatar cada vídeo que você assistir? Ou se o Netflix decidir fazer a mesma coisa que o Spotify fez, e de repende seu histórico de vídeos assistidos for uma página aberta? Ou se a Amazon decidir conectar a sua nova rede social do Kindle, revelando o título de cada um dos livros que você leu, e o seu ritmo dentro deles.

E quer saber? Mesmo isso é ok, desde que seja uma opção. Facebook Connect? Não, obrigado. Eu prefiro desconectar esse tipo de coisa. Mas uma vez que o Facebook se torna uma exigência para usar um app – uma vez dando apps a permissão para acessar e atualizar os seus dados do Facebook eles se integram aos termos de uso da rede social – você rendeu completamente o controle de como os seus dados estão sendo usados, compartilhados e vendidos.

Além de coloca-la na Timeline e Ticker, o que o Facebook irá realmente fazer com todos esses dados? O que irá acontecer com o perfil que ele formar da sua personalidade, linkado com o seu nome real, daqui a cinco anos? Ou dez? Ou vinte?

Eu sei que o Facebook irá arruinar a minha privacidade. E estranhamente eu estou aceitando isso. É uma barganha Faustiana que eu fiz com o Zuck há muito tempo atrás em troca de ele fornecer uma plataforma onde eu posso interagir com meus pais e sogros. Mas eu não quero que esse acordo se estenda para a Web inteira, para cada serviço que eu uso e cada site que eu entro. Eu não quero que cada uma de minhas ações seja perpetuamente gravada ou pior, exibida para todo mundo sem minha permissão explícita. Eu não quero que a minha humanidade seja comoditizada.

E eu estou fazendo algo sobre isso. Eu não vou mais fazer Facebook Connect com coisa alguma. Eu irei monitorar rigorosamente quais apps (e minha nossa, existe um monte deles) tem permissão para interagir com meus dados.

Mas principalmente, a partir de agora, eu estou tomando uma posição. Se um app exigir que eu me cadastre (ou até mesmo faça login) via Facebook – se ele exigir que eu compartilhe meus dados – então me desculpe, mas eu irei fazer minhas coisas em outro lugar. E eu não estarei sozinho.

 

Sair da versão mobile