Embora a abertura oficial seja hoje, as Olimpíadas de Londres já começaram. E junto com o início dos eventos esportivos vieram várias restrições na transmissão, anúncios, comportamento e outras coisas básicas da vida do ser humano moderno que vive em um mundo capitalista. O rigor do Comitê Olímpico Internacional (COI) para esta edição dos jogos está tão pesado que faz o Grande Firewall da China parecer inofensivo.
Na última edição dos jogos, em Pequim, China, o COI estipulou algumas regras rígidas para atletas interessados em usar blogs, podcasts e sites de vídeo para se comunicar com os fãs. E tinha o problema da censura à Internet no país, o que, mesmo com promessas de que seriam abrandadas durante o evento, acabou atrapalhando.
Londres, Inglaterra, ocidente… as coisas deviam melhorar, certo? Errado. O COI surtou. Proibiu hotspots, mesmo aqueles criados por iPhones e Androids para uso próprio, dentro dos locais olímpicos 1 e outras coisas curiosas, como “comida em grande quantidade” e “chapéus muito grandes”. Limitou o contato de atletas em redes sociais à primeira pessoa, e a publicação de apenas fotos aprovadas por um comitê — uma extensão do que já vigorou em 2008. O pior: vídeos e fotos feitos pelos torcedores não poderão ser compartilhados. Lembrando, caso essas restrições tenham dado um nó no seu cérebro: sim, já estamos no século XXI, e sim, essas restrições são para os Jogos Olímpicos de 2012.
Como controlarão tudo isso? Como impedirão que o YouTube, o Instagram, o Facebook fiquem livres de fotos feitas pelo povão? O que ganham com essa camisa-de-força na voz do povo? As Olimpíadas, feitas para celebrar o ser humano, não deveriam contemplar também a liberdade de expressão?
Se servir de consolo, não é só a comunicação que está sofrendo com essas regras malucas. Para garantir a exclusividade dos patrocinadores oficiais do evento, que gastaram mais de US$ 1 bilhão na brincadeira, o COI criou zonas de exclusão ao redor dos locais onde as provas serão realizadas nas quais marcas rivais não podem aparecer em… bem, em nada — e boa sorte ao tentar usar o seu cartão de crédito diferente do do patrocinador para pagar o cachorro quente e a sodinha. [Meio Bit, Meio e mensagem, IP Whiteboard. Foto: Jean Boechat/Flickr]