Na demonstração da Microsoft do seu fascinante capacete holográfico, o HoloLens, a empresa mencionou brevemente uma das coisas mais legais que ele já faz: desenvolver software com o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla original) da NASA que permitirá aos cientistas explorar e trabalhar em Marte remotamente.
Na metade do vídeo promocional do HoloLens, a Microsoft mostrou um trecho de um cientista usando o capacete enquanto ele aponta para uma área de interesse na superfície do planeta vermelho. O HoloLens, explica o vídeo, será usado por cientistas da NASA para trabalhar “em” Marte a partir de julho deste ano. Intrigado pela breve menção, fomos atrás da NASA para pedir mais informações e em uma declaração acompanhada de um vídeo, a agência explicou o projeto.
Ao longo do último ano, o JPL e a Microsoft vêm trabalhando em um software chamado OnSight que foi projetado para permitir que os cientistas conduzam seus trabalhos mesmo estando aqui na Terra. Usando o HoloLens, claro.
Imagine ser capaz de colocar um capacete e andar por outro planeta. Ou controlar um módulo como se você estivesse sentado nele. Ou dar uma olhada da beirada de um precipício em um cânion marciano. Esses cenários são exatamente o que o OnSight faz usando dados e imagens extraídos de Marte.
De acordo com o JPL, é a coisa mais próxima de estar lá – recriar a experiência de que geólogos terrestres se beneficiam ao usar a realidade aumentada. Isso inclui não apenas a inspeção da paisagem, mas a comunicação com outros cientistas ao redor do mundo através de um local de reuniões virtual – sem falar em tomar notas e criar pontos de interesse que outras equipes podem explorar e comentar depois.
“Construindo ferramentas que fazem com que nos sintamos mais conectados àqueles robôs e ambientes que estamos explorando, podemos mudar nossa experiência de exploração de uma forma fundamental e empolgante,” disse Jeff Norris, gerente de projeto do OnSight, em um vídeo publicado no YouTube. “Não porque é um artifício e não por ser divertido, mas porque ele nos ajudará a chegar a conclusões científicas mais rapidamente e com mais confiança do que se confiarmos apenas em imagens numa tela, como fazemos hoje.”
Eles também conseguirão programar de verdade o módulo Curiosity através do ambiente do HoloLens, como explica o JPL em uma declaração:
Eles podem passear pela superfície rochosa ou se abaixarem para examinar conjuntos de pedras de diferentes ângulos. A ferramenta dá acesso a cientistas e engenheiros que queiram interagir com Marte de uma forma mais natural, mais humana.
A ferramenta OnSight também será útil para planejar as operações do módulo. Por exemplo, cientistas podem programar atividades para vários dos instrumentos do Curiosity olhando para um alvo e usando gestos para selecionar os comandos em um menu.
Nos últimos anos ouvimos algumas conversas sobre o envio de cientistas humanos para Marte. O HoloLens não oblitera os motivos que temos para visitar o planeta por nós mesmos, mas ele definitivamente expande as maneiras que temos de fazer isso. Na medida em que os veículos e módulos ficam mais complexos e sensíveis, pode ser que seja possível explorar planetas distantes usando proxies de realidade aumentada como esse – soluções muito mais duráveis na exploração do nosso cada vez maior espaço.