A humanidade não tem contato com Urano há mais de 30 anos, desde que a espaçonave Voyager 2, da NASA, passou rapidamente pelo planeta em 24 de janeiro de 1986. Agora, um pessoal da NASA e de outros lugares está defendendo a criação de missões para Urano e seu companheiro gigante gelado, Netuno, que poderiam acontecer em algum momento das próximas décadas.
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O relatório de 529 páginas, preparado por uma equipe de cientistas e lançado neste mês, elucida os benefícios de se visitar esses mundos lamentavelmente pouco estudados. Netuno e Urano, os chamados gigantes gelados, são diferentes de Júpiter e Saturno (os gigantes de gás) no sentido de que sua massa é de aproximadamente 65% de água e outros gelos, como metano e amônia. Apesar de saberem tão pouco sobre os gigantes gelados, os cientistas por trás do estudo da nova missão sugerem que esses planetas são incrivelmente comuns em nossa galáxia. Uma missão para um dos dois poderia nos ajudar a entender melhor os exoplanetas que ainda não encontramos.
Ah, nós mencionamos que Urano e Netuno podem estar escondendo vastos oceanos abaixo de suas nuvens? Porque isso parece ser algo que vale a investigação.
“Tanto Urano quanto Netuno desafiam nossa compreensão de como os planetas se formam e evoluem”, disse o Dr. Curt Niebur, cientista de programa da sede da NASA, em entrevista ao Gizmodo. “Existem certas coisas sobre eles que não podemos explicar, [como] sua composição, como seus campos magnéticos são gerados e quais processos geológicos estão ativos em suas luas atualmente.”
Urano (Imagem: NASA)
Esse relatório mais recente da NASA destaca uma miríade de projetos de missão em potencial. A equipe está particularmente interessada em mandar uma sonda — que mergulharia na atmosfera do planeta — e um orbitador, que ficaria por lá por vários anos, a pelo menos um dos gigantes gelados.
“Uma sonda é a única maneira de medir gases nobres pesados, índices isotópicos e a abundância em massa de certas espécies”, escreveram os pesquisadores. “Um orbitador é necessário para nos dar pontos de vantagem e tempo suficiente no sistema para entender fenômenos variáveis (por exemplo, respostas magnetosféricas ao vento solar variável ou variações climáticas), para nos permitir encontrar várias luas e observar todos os componentes do sistema sob geometrias variadas.”
A Voyager 2 nos mostrou tanto sobre os gigantes gelados que antes era desconhecido. Jogou luz sobre os anéis de Netuno, um vórtex gigante e efêmero chamado de “Grande Mancha Escura” e gêiseres em sua maior lua, a Triton. A sonda também encontrou dez das 27 luas conhecidas de Urano, dois novos anéis e o campo magnético assimétrico do planeta. Ainda assim, há muito a se aprender sobre esses estranhos mundos, como por exemplo a aparência de seus núcleos e o que poderia ter feito Urano ter um eixo de rotação tão extremo que o faz basicamente girar de lado.
O relatório do gigante de gás será considerado como parte do Planetary Science Decadal Survey (Inquérito Decenal de Ciências Planetárias, em tradução livre), que descreve as prioridades da NASA para os próximos dez anos — nesse caso, de 2022 a 2032. O próximo relatório provavelmente será publicado em algum momento de 2018.
Até lá, desejamos o melhor aos gigantes gelados.
“Nossa compreensão de como os planetas funcionam é incompleta”, Neibur contou ao Gizmodo. “Então, estudar Urano e Netuno vai nos ajudar a entender como nosso sistema solar se formou e como os planetas — incluindo aqueles em torno de outras estrelas — evoluíram.”