A Nature, uma das publicações científicas mais tradicionais, com artigos que datam de 1869 (ano da sua fundação) atualmente em 48 revistas derivadas, como Nature Genetics e Nature Medicine, anunciou a abertura do seu conteúdo para visualização gratuita. Mas há uns asteriscos importantes nessa iniciativa.
Segundo a Macmillan Science and Education, a editora que publica a Nature, os artigos científicos poderão ser visualizados em uma plataforma de software chamada ReadCube, similar ao iTunes, que exibe versões somente para leitura dos PDFs dos artigos.
Em outras palavras, por ali não é possível imprimir ou mesmo copiar o conteúdo. Por outro lado, a plataforma permite anotações e incentiva o compartilhamento dos comentários feitos por colegas da área, além de poder ser baixado para consulta local, offline, usando o software da ReadCube. O formato lembra um pouco a abertura do acervo fotográfico do GettyImages – nesse caso, o uso gratuito das fotos está condicionado à adoção de um código de incorporação meio complexo se comparado à inserção pura e simples de uma imagem via HTML.
Tino Hannay, diretor da Digital Science, o braço digital da editora responsável pela iniciativa, “já sabemos que os pesquisadores compartilham conteúdo, geralmente escondidos nos becos da Internet ou usando práticas desengonçadas e demoradas”. Mas há outro motivo além desse, como aponta Richard Van Noorden no site da Nature: a crescente demanda pela gratuidade dos fundos de pesquisa.
A própria Nature tem “lacunas” para isso, mas elas são bem restritas – basicamente, quando os autores ou seus financiadores bancam a publicação do paper. O que, por sua vez, não é um negócio que se possa classificar de barato: segundo Philip Campbell, editor-chefe da Nature, os custos internos de publicação ficam entre US$ 31 e US$ 47 mil por paper. Por isso a dinâmica de cobrança dos assinantes (pesquisadores e bibliotecas, em sua maioria) é mais viável.
As reações ao anúncio da Nature, ainda segundo Richard Van Noorden, tem sido mistas. A preocupação dos insatisfeitos é que os manuscritos arquivados independentemente da editora, como ocorre hoje, não têm limitações de impressão ou salvamento; já na plataforma da Nature, isso acontecerá.
Ah, e para quem acompanha as últimas descobertas cientificas por sites, uma boa notícia: 100 publicações do mundo inteiro poderão linkar os textos completos do acervo da Nature ao reportarem os estudos recém-publicados lá.
Para mais detalhes, leia o comunicado oficial da Nature. [Nature.com]