Navios naufragados estão salvando a vida marinha da pesca de arrasto
Um novo estudo publicado na revista Marine Ecology revelou que navios naufragados têm servido como refúgio para peixes, corais e outras espécies marinhas em áreas ainda sujeitas à pesca de arrasto.
E, aparentemente, fazem isso bem. Dados da pesquisa mostram que algumas áreas de naufrágio contêm densidade 240% maior do que em partes do fundo do oceano vulneráveis à pesca.
O que é a pesca de arrasto
O nome é explicativo. Nesta prática, uma grande e pesada rede de pesca é arrastada pelo fundo do mar com comando de equipamentos de navios. Dessa forma, acaba recolhendo tudo que está no seu caminho — mesmo daqueles animais que não são visados. Também conhecida como pesca de tarrafa.
Segundo Jenny Hickman, autora do estudo, o uso industrial da pesca de arrasto é usado desde 1800. Depois de tantos anos, a prática já alterou significativamente as comunidades e ecossistemas marinhos.
Além das áreas do oceano que têm proteção legal, apenas regiões inacessíveis do fundo do mar conseguem passar ilesas pela pesca de arrasto. Por isso, os navios naufragados servem de refúgio para a vida marinha.
“Como muitos estão no local há mais de 100 anos, oferecem uma linha de base do potencial ecológico quando a pressão de pesca de arrasto é reduzida ou removida”, afirma a pesquisadora.
Entenda a pesquisa
Hickman e sua equipe de pesquisadores coletaram imagens de cinco navios naufragados localizados na costa de Berwickshire, no Reino Unido, alguns em áreas abertas à pesca de arrasto e outros em regiões protegidas.
De modo geral, a estimativa é que todos tenham afundado no final do século XIX e início do século XX. Agora, eles estão entre 17 e 47 metros abaixo da superfície do oceano. Além disso, os cientistas também filmaram regiões nos 50 metros ao redor desses navios.
Assim, com a análise das imagens, os pesquisadores concluíram que a vida marinha em áreas ainda abertas à pesca de arrasto era 240% maior dentro dos locais de naufrágios do que fora. Quando buscavam evidências no raio de 50 metros dos navios, a diferença era ainda maior: a densidade de vida marinha chegava a ser 340% superior.
Por outro lado, em locais fechados para a pesca de arrasto, a abundância era 149% maior do que nos naufrágios.
De acordo com os pesquisadores, a pesquisa fornece uma visão do que pode acontecer em termos de recuperação da vida marinha se a pesca de arrasto for reduzida. Além disso, eles acreditam que o estudo demonstra a importância de incluir os sítios de naufrágio em futuros planos de conservação.