A Netflix sempre foi muito firme ao dizer que nunca iria oferecer acesso offline ao seu catálogo. No entanto, ela está revendo essa posição.
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Esta semana, a Netflix divulgou seus resultados financeiros e o CEO Reed Hastings respondeu diversas questões sobre o futuro da empresa.
Entre elas, estava esta pergunta: serviços como Amazon Prime Video e YouTube Red permitem salvar vídeos para ver offline depois – por que a Netflix não faz o mesmo?
Hastings não prometeu nada, mas respondeu que deveria “manter a mente aberta sobre isso”. Do Re/code:
Nós estivemos muito concentrados em clicar-e-assistir e na beleza e simplicidade do streaming. Mas à medida que nos expandimos para todo o mundo, onde vemos uma distribuição desigual das redes, devemos manter a mente aberta sobre isso.
No início do ano, a Netflix pegou todos de surpresa quando anunciou que se expandiria para mais 130 países de uma só tacada. Acho que isso foi o bastante para a empresa notar que muitas nações não têm internet em todo lugar, e que ela nem sempre é rápida o bastante para streaming. Mas ei, ela está no Brasil desde 2011 e só descobriu isso agora?
Em 2014, o diretor de comunicações da Netflix disse que o acesso offline “nunca vai acontecer”, porque esta seria “uma solução de curto prazo para um problema maior”: ele previa que, em cinco anos, seria fácil encontrar conexões Wi-Fi em mais lugares e com maior velocidade.
Na época, surgiu a pergunta: o real motivo não seriam os acordos de licenciamento, que limitariam o acesso offline? Um porta-voz da Netflix foi curto e grosso: “essa pergunta nos é feita há anos, e nunca mudamos nossa posição – não vamos fornecer cache offline”.
No ano passado, Neil Hunt, diretor de produto no Netflix, deu outro argumento contra o acesso offline: ele disse que isso aumentaria a complexidade do serviço. “Você precisará se lembrar que quer baixar tal coisa; não vai ser instantâneo, você precisa ter o espaço certo no seu dispositivo, você precisa administrá-lo, e eu não acho que as pessoas queiram fazer isso”.
E ele reconheceu que, pelo menos para a Amazon, haveria sim um problema de licenciamento: “grande parte do conteúdo fornecido por ela não é licenciada para download, então apenas parte do conteúdo poderia ser baixado. Você quer ver algo offline e acaba ficando frustrado ao descobrir que aquilo não está disponível offline”.
Mesmo com a expansão internacional, a Netflix reduziu as previsões de crescimento para o segundo trimestre, o que deixou investidores desanimados, derrubando as ações em 11%. O acesso offline poderia, então, ser a próxima cartada da empresa.
[Re/code via TechRadar via Olhar Digital]
Foto por Matthew Keys/Flickr