Uma série de milhões da Netflix — especificamente mais de U$ 55 milhões ou R$ 269 milhões — nunca será assistida por você. E o motivo é que o projeto do diretor Carl Erik Rinsch jamais entregou um episódio sequer finalizado, segundo o The New York Times.
Em 2018, o diretor tinha um traballho apenas: “47 Ronins”, um filme com 47 samurais vingando a morte de seu mestre. Keanu Reeves, o John Wick, é o protagonista. O filme foi lançado em 2013 e está disponível na Netflix:
Ainda assim, ele foi disputado pelas gigantes do streaming para produzir uma série. A batalha seria vencida pela Amazon com um contrato de oito dígitos, segundo o The New York Times.
Mas a Netflix dobrou a aposta: garantiu a Carl Erik Rinsch o corte final na produção — ou seja, decidir o que iria ou não ao ar — e mais alguns milhões de dólares. As garantias foram dadas por Cindy Holland, a vice-presidente de conteúdo original da Netflix na época.
E sobre o que era a série?
É uma ficção científica com seres humanos não de carne e osso, mas feitos de forma artificial. Com (muito) dinheiro e um projeto aguardado em mãos, estava tudo certo para a produção começar. Mas nem um único episódio da série de ficção científica foi entregue.
Conforme apurou a reportagem do The New York Times, o diretor tinha comportamento problemático nos bastidores, relatados em mensagens, e-mails e até no processo de separação da esposa.
Rinsch chegou a dizer que sabia “o mecanismo secreto de transmissão da covid-19”, por exemplo. E parte do montante que recebeu da Netflix foi apostado em mercado de ações e criptomoedas.
Ele também teria gasto com roupas de grifes e numa frota de carros Rolls-Royce.
A plataforma e o diretor estão em um processo judicial em que Rinsch diz que o streaming quebrou o contrato e ainda lhe deve U$ 14 milhões — cerca de R$ 68 milhões. A Netflix alega que os pedidos dele são uma forma de extorsão.