Pelo menos 72 milhões de pessoas vivem sem internet ou com padrões mínimos de conexão nas zonas rurais de 26 países da América Latina. O volume equivale à população de países como Tailândia e França, e supera o número de pessoas que vivem no Reino Unido.
O índice está no último relatório do IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), lançado na segunda-feira (8). Só no Brasil, 13 milhões que vivem em zonas rurais não estão conectadas à rede mundial de computadores.
O levantamento mostra uma desvantagem da internet no campo. Pelo menos 79% da população urbana conta com serviços de conectividade significativos. Para as populações rurais, o percentual corresponde a apenas 43,4% dos usuários.
“Os dados constatam que existe um atraso rural”, disse o diretor-geral do IICA, Manuel Otero. “Essa diferença mina um imenso potencial social, econômico e produtivo no âmbito estratégico no qual está em jogo a segurança alimentar e nutricional de boa parte do planeta”.
O estudo reuniu dados coletados de 2020 a 2022 em 26 países da América Latina e Caribe. No caso do Brasil, a conexão significativa urbana é quase 1,5 vez mais abrangente do que a encontrada no interior agrícola.
A desigualdade é um pouco menor aqui do que na média de todos os países analisados, que chega a 1,8. Nas cidades brasileiras, o Índice de Conectividade Urbana é de 0.821, enquanto o Índice de Conectividade Rural fica em 0.542. A média da América Latina e Caribe fica em 0.794 e 0.434, respectivamente. Na escala, 0 significa conexão inexistente e 1 conexão total.
Brasil está entre os países com melhor conexão rural
Segundo o estudo, o Brasil integra o grupo dos 10 países onde as zonas rurais têm menos pessoas sem conexão à internet. O conjunto corresponde a 24% da população em análise. São eles:
- Argentina
- Barbados
- Bahamas
- Belize
- Brasil
- Costa Rica
- Chile
- Panamá
- Trinidad e Tobago
- Uruguai
O destaque aqui fica para Barbados e Belize, que aumentaram em mais de 50% o índice da população rural atendida com internet desde o último relatório, publicado em 2020. Argentina, Costa Rica, Trinidad e Tobago e Uruguai também aumentaram o percentual de cobertura em 30%.
No nível médio estão outros nove países, que representam 46% da população rural da região. Isso significa que os Estados melhoraram a conectividade na zona rural, mas uma boa parte segue sem acesso completo à internet. São eles:
- Colômbia
- Equador
- El Salvador
- Jamaica
- México
- Peru
- República Dominicana
- Paraguai
- Suriname
Entre eles, Peru, México, Honduras e Bolívia apresentaram os maiores avançados desde 2020. O Peru, por exemplo, começou em fevereiro um plano para reabilitar mais de 2 mil antenas de internet em regiões rurais e remotas da Amazônia (na imagem).
Por fim, sete países apresentam mais pessoas sem internet na zona rural. O grupo representa 30% da população e enfrenta obstáculos para aumentar o acesso nas áreas mais afastadas. São eles:
- Bolívia
- Guatemala
- Guiana
- Haiti
- Honduras
- Nicarágua
- Venezuela
“Melhorar e investir em conectividade é uma aposta que favorece o crescimento econômico dos países”, afirmou Joaquín Arias Segura, colíder da pesquisa do IICA. Segundo ele, há evidências de que melhorias na infraestrutura de conexão têm impactos positivos sobre o PIB (Produto Interno Bruto).
“A conectividade, o desenvolvimento das redes móveis e o investimento [nessa área] representam uma contribuição importante no processo de recuperação econômica pós-pandemia e para o desenvolvimento regional”, pontuou.