Cultura

No palco do Grammy, Jay-Z questiona cerimônia por falta de prêmio a Beyoncé

Rapper recebeu prêmio e apontou falhas da Academia de Gravação dos EUA; organização tem histórico de ignorar mulheres negras
Recording Academy / GRAMMYs/Reprodução

Quando estava em cima do palco do Grammy — e com o Prêmio Dr. Dre de Impacto Global em mãos –, Jay-Z questionou a Academia: como Beyoncé, maior vencedora da premiação, nunca venceu na categoria de melhor álbum do ano?

Com 32 grammys em outras categorias, Beyoncé concorreu com quatro álbuns: “I Am… Sasha Fierce”, “Beyoncé”, “Lemonade” e “Renaissance”, este no ano passado.

Casado com a cantora desde 2008 e ao lado de Blue Ivy, filha mais velha do casal, Jay-Z disse:

“Eu não quero constranger essa jovem senhora, mas ela tem mais Grammy do que qualquer um. Mesmo por essa métrica, isso não funciona. Pense nisso. O maior número de Grammys, sem nunca ter ganhado o Álbum do Ano, isso não faz sentido”

Jay-Z

No ano passado, o dono da Roc Nations já tinha dito à revista Tidal que Beyoncé merecia ter vencido o álbum do ano com “Renaissance” — porém, o prêmio foi dado a Harry Styles com “Harry’s House”.

Ontem, Jay-Z ainda questionou a seletividade da Academia de Gravação.

“Alguns de vocês irão para casa esta noite e sentirão que foram roubados. […] Alguns de vocês não pertencem à categoria. Temos que continuar aparecendo e esquecer os Grammys por um segundo. Você precisa continuar aparecendo até que eles lhe deem todos os elogios que você acha que merece, até que o chamem de presidente, até que o chamem de gênio, até que o considerem o maior de todos os tempos”

Jay-Z

O rapper também lembrou que boicotou a premiação em 1998. Ele foi indicado a melhor álbum de rap em 1998, mas DMX, que dominava as paradas. Após receber o prêmio, o cantor comemorou com champanhe dentro do gramafone.

Última mulher negra a vencer faz 25 anos

Ontem, na categoria de álbum do ano, apenas Janelle Monáe, Jon Batiste e SZA eram artistas negros na disputa que ficou com Taylor Swift e “Midnights”. 

Jon Batiste venceu em 2022 com “We Are”. Porém, a última vez que uma mulher negra venceu na principal categoria (descartando as indicações de jazz, R&B e mais) foi em 1998, com Lauryn Hill e o álbum “The Miseducation of Lauryn Hill”. Foi a primeira vez que um projeto de rap venceu na principal categoria.

O Grammy de 2024 foi a 66ª edição do evento, mas apenas três mulheres negras venceram para álbum do ano na história — todas nos anos 90.

Antes dela, Natalie Cole venceu em 1992 com “Unforgettable… with Love” e Whitney Houston em 1994 com “The Bodyguard”. 

Segundo o The Hollywood Reporter, apenas 37 álbuns de 25 mulheres negras foram indicados para álbum do ano ao longo da história do Grammy.

Beyoncé é a recordista, com quatro vezes, seguida de Whitney Houston, Mariah Carey e H.E.R com três vezes cada.

A primeira mulher a ser indicada na categoria, em 1959, era uma mulher negra: Ella Fitzgerald. Ela perdeu para “The Music from Peter Gunn”, de Henry Mancini.

Pedro Ezequiel

Pedro Ezequiel

Pedro Ezequiel é jornalista pela ECA - USP. Passou pela Rádio USP, Jornal da USP, UOL e DOC Films. Não dispensa café e podcast. É fã de "Moleque Atrevido" do Jorge Aragão.

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