[Hands-on] O Nokia 8 é o smartphone que eu gostaria de ter tido há alguns anos
Quando o Nokia 8 foi lançado em agosto, veio a manchete: “O Nokia 8 é um aperitivo de como os smartphones poderiam ter sido“. No texto, falávamos que a derrocada da companhia – que um dia já foi soberana no mercado de celulares – tinha a ver com a escolha pelo Windows Phone. A Nokia faz agora o seu retorno por meio da startup finlandesa HMD Global, desta vez com o Android. Durante a IFA, em Berlim, eu pude colocar as mãos no recém-lançado aparelho, no estande da Zeiss – que equipa as lentes da câmera –, e este é o celular que eu gostaria de ter tido há alguns anos.
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Ele tem as especificações que batem de frente com os atuais topos de linha das principais fabricantes. O Nokia 8 tem tela de 5,3 polegadas com resolução QHD, o nível de brilho é bem alto, e o contraste de cores, dentro do que se espera de um celular caro (apesar de estar em um ambiente interno). O processador Snapdragon 835, os 4 GB de RAM, 64 GB de armazenamento e o sensor de impressões digitais fecham o pacote do que se deseja em um topo de linha. O Android é o 7.1 Nougat, com poucas modificações de interface. A bateria, pelo menos no número absoluto, é relativamente pequena: 3090 mAh.
O que me chamou a atenção para ele foi o design, com as linhas sóbrias de uma Nokia já conhecida. Me surpreendi com o peso: ele é bem leve, e com a pegada ergonômica. Deu até saudades do Nokia N9, um dos celulares que mais sofri para devolver após um período de testes, que apesar de não ser parecido, me fez lembrar da qualidade de construção do aparelho. A nova Nokia ainda não entrou na onda da tela sem bordas, e o Nokia 8 é bem sóbrio na parte frontal. Uma das unidades do estande da Zeiss – justamente a que peguei – estava bem arranhada.
O módulo de duas câmeras de 13 megapixels na traseira possui um sensor óptico Zeiss e combina um sensor típico de câmera com um sensor monocromático para que o celular consiga capturar fotos mais nítidas e ajustar o seu nível de profundidade, a abertura de ambas é f/2.0. Ao contrário da solução de muitas outras fabricantes, a Nokia conseguiu encaixar bem as suas câmeras, de forma bastante discreta. Do pouco que consegui mexer na câmera, ela pareceu promissora – é claro, eu estava em um ambiente fechado, bem iluminado e com poucas cenas para avaliar alguma coisa. O truque de ativação da câmera traseira e frontal simultaneamente, que cria dois quadros, é uma ferramenta interessante para quem grava vlogs e faz transmissões ao vivo. Outra característica com apelo aos produtores de conteúdo audiovisual é a tecnologia que permite capturar som espacial imersivo, em 360 graus. Porém, senti falta de mais opções embutidas no software de câmera, como um modo manual completo.
O Nokia 8 tem preço sugerido de € 599 (R$ 2.200 em conversão direta, na cotação atual), e, mesmo em uma rápida mexida, tive a sensação de que essa seria a minha escolha há uns dois anos. É claro, dois anos atrás um topo de linha não teria essas especificações, mas imagino que o caminho da companhia seria diferente. O fato é que a Nokia está um passo atrás no jogo. E, por esse preço, outros Android, como os da Samsung e LG, levam ampla vantagem: tela que ocupa toda a parte frontal, câmeras com aberturas maiores, além do fato de estarem consolidadas.
Na onda da moda nostálgica tech, os novos smartphones da Nokia parecem estar fadados ao mesmo destino da BlackBerry: o esquecimento. Evitar que outras grandes marcas a amassem completamente já será um grande feito.
O aparelho começa a ser vendido globalmente nesta quarta-feira (6), incluindo em mercados da Europa e da América do Norte. Por enquanto, não há indícios de uma operação da Nokia no Brasil.
O Gizmodo Brasil viajou para Berlim a convite da Philips
Todas as imagens: Alessandro Junior/Gizmodo