Uma nova subespécie de cobra marinha foi descoberta no litoral da Costa Rica, com um estilo de caça singular, nunca visto antes em répteis aquáticos. Pendurada a partir da superfície como uma mola helicoidal, ela ataca peixes desatentos enquanto eles nadam abaixo.
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Conforme descrito no periódico científico ZooKeys, a cobra marinha, “de maneira oportunista”, se alimenta de pequenos peixes ao se pendurar de ponta cabeça em uma posição de bobina, ou sinusoidal, logo abaixo da superfície da água, e só o faz de noite. Essa é uma das várias diferenças que a distinguem de seu parente vivo mais próximo, a Hydrophis platurus, uma cobra marinha amarela que vive a cerca de 22,5 quilômetros de distância, em águas mais geladas.
Os pesquisadores que conduziram a análise, Brooke Bessesen, do Zoológico de Phoenix, e Gary Galbreath, da Universidade Northwestern, dizem que a cobra recém-descoberta pode na verdade pertencer a uma espécie completamente nova de cobra marinha, mas que por enquanto eles estão contentes em designá-la como uma subespécie, chamada de Hydrophis platurus xanthos.
Imagem: Brooke L. Bessesen, Gary J. Galbreath/ZooKeys
Essa cobra de meio metro de comprimento vive nas águas quentes e agitadas do Golfo Dulce, na Costa Rica, e teve que se adaptar às duras condições encontradas lá. As temperaturas da água nessa área podem chegar a até 32,6ºC, o que é perigosamente próximo do que as cobras marinhas conseguem suportar. Além disso, essas águas podem se tornar anóxicas, quando o oxigênio dissolvida cai a níveis incrivelmente baixos (cobras marinhas tiram oxigênio da água por meio de sua pele, então águas anóxicas podem fazê-las sufocar).
Porém, conforme o novo estudo aponta, a H. platurus xanthos desenvolveu várias estrategias que lhe permitem sobreviver nessas águas turbulentas. Além de adotar sua estratégia de emboscada única (a H. platurus também caça peixes ao flutuar sobre a superfície, mas sem assumir a posição sinusoidal de emboscada), ela é menor do que sua espécie-mãe e apresenta uma cor uniforme amarelada ao longo de seu corpo (em contraste, a Hydrophis platurus tem alguns padrões pretos e amarelos). Sua coloração mais clara, dizem os pesquisadores, provavelmente ajuda com a regulação da temperatura em águas quentes, enquanto a estratégia de caça noturna lhe permite evitar as temperaturas quentes de dia na superfície. Esses animais passam cerca de 90% de suas vidas em profundidades entre 20 metros a 50 metros, onde é muito mais gelado.
Bessesen e Galbreath basearam seu estudo em observações feitas de 154 diferentes espécimes (123 de livre alcance e 21 mantidos em museus), de 2010 a 2017. Infelizmente, essas cobras, que só estão sendo descritas agora, já são consideradas ameaçadas de extinção. Seu território é limitado a 320 quilômetros quadrados, em uma área desprotegida. Colecionadores já começaram a caçar as cobras marinhas, e a mudança climática ameaça tornar grandes porções de água de oceano quentes demais para elas sobreviverem.
“Esperamos que essa população globalmente única possa continuar a oferecer tanto a cientistas quanto a turistas conscientes quanto à preservação um assunto digno de observação e estudo”, apontaram os autores em um comunicado à imprensa.
[ZooKeys]
Imagem do topo: Brooke L. Bessesen, Gary J. Galbreath/ZooKeys