Ciência

Nova droga contra endometriose pode evitar necessidade de cirurgia

Ensaio clínico de fase II teve início no Reino Unido; medicamento é um anticorpo que age contra a inflamação causada pela endometriose em mulheres
Imagem: Jonathan Borba/ Unsplash/ Reprodução

No Reino Unido, médicos e cientistas do Hospital Universitário Norfolk e Norwich iniciaram um ensaio clínico de fase II para testar um potencial medicamento que tem potencial para reverter os sintomas da endometriose. Se funcionar, ele também pode reduzir a necessidade de cirurgia das mulheres com a condição.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a endometriose atinge 10% da população feminina em idade reprodutiva. Ela é uma doença crônica na qual um tecido semelhante ao revestimento do útero cresce fora deste órgão.

Em geral, a endometriose causa dores fortes na região da pélvis, que pode impactar durante a menstruação ou relações sexuais. Além disso, também pode gerar náusea, fadiga e até mesmo infertilidade. Apesar de ser bastante debilitante, ainda não há cura para a doença.

Como funciona o tratamento

Segundo a equipe de Ginecologia e Pesquisa e Desenvolvimento do NNUH, o novo tratamento consiste em utilizar um anticorpo chamado AMY109. Ele foi projetado por cientistas da Chugai Pharmaceutical Co Ltd. para reduzir a inflamação da endometriose.

Para isso, ele bloqueia uma proteína (interleucina-8) que gera a resposta inflamatória do organismo. Até agora, uma paciente já recebeu o anticorpo no Reino Unido. 

No entanto, ensaios clínicos de fase I já haviam testado a segurança e eficácia do medicamento em voluntárias saudáveis e pacientes no Japão e em Taiwan.

Avanço na ciência

“Novos medicamentos significativos para endometriose não surgiram há décadas e os que usamos diariamente são em grande parte baseados em hormônios, que podem ter efeitos colaterais desagradáveis”, explica Edward Morris, líder do estudo. 

De acordo com o pesquisador, os tratamentos utilizados atualmente tentam suprimir os sintomas da doença. Contudo, como o novo medicamento aborda a inflamação e potencialmente reverte os efeitos da endometriose, ele representa uma alternativa promissora para as mulheres.

“É diferente de qualquer outro tratamento disponível para endometriose, pois pode modificar a doença”, afirma Paul Simpson, também envolvido no estudo.

Além do NNUH, outros hospitais no Reino Unido também estão participando do ensaio clínico.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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