A IA (inteligência artificial) pode encurtar o período de tratamento de pessoas com câncer. Uma nova tecnologia, desenvolvida na Inglaterra, permite reduzir o tempo que os pacientes esperam antes de iniciar a radioterapia.
A inovação permite que os médicos calculem mais rápido onde direcionar os feixes de radiação terapêutica para matar as células cancerígenas, enquanto poupa o maior número possível de células saudáveis.
Pesquisadores do hospital Addenbrooke, em Cambridge, treinaram o programa de IA com a Microsoft por 10 anos. Agora, a expectativa é incorporar a técnica aos serviços de saúde em todo o Reino Unido.
Como funciona a solução
Na técnica atual, os médicos normalmente gastam de 25 minutos a 2h para detectar as células cancerígenas que serão o foco do tratamento da radioterapia. Eles precisam desse tempo porque “contornam” os ossos e órgãos para afetar o menos possível as células saudáveis.
Ao tratar a próstata, por exemplo, os médicos querem evitar danos à bexiga ou ao reto. Se a radiação for muito incidente nesses locais, os pacientes passam a ter uma grande chance de problemas de incontinência urinária ao longo da vida.
Esse é o objetivo da nova ferramenta: garantir assertividade no diagnóstico e preservar os órgãos saudáveis. Com ajuda da IA, o mecanismo “contorna” os órgãos com precisão de 90%, o que acelera o tratamento em 2,5 vezes, disseram os cientistas.
Na prática
“A IA tem a capacidade de acelerar o processo de diagnóstico, ajudando os médicos a detectar doenças mais cedo e dando aos pacientes a melhor chance possível de recuperação”, afirmou Katharine Halliday, presidente do Royal College of Radiologists, à BBC.
O governo britânico tem investido fortemente em projetos de IA, mas este é o primeiro programa do Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) a lançar um sistema do tipo como um dispositivo de imagem médica.
No desenvolvimento, a equipe trabalhou com a Microsoft para treinar o projeto InnerEye em dados de pacientes anteriores. Trata-se de uma ferramenta de IA da Microsoft que também está ajudando a acelerar o tratamento do câncer.
O Hospital Addenbrooke recebeu 500 mil libras – ou R$ 3 milhões no câmbio atual – do Laboratório de Inteligência Artificial do NHS para financiar as verificações e avaliações de segurança necessárias.
O programa foi vendido a uma fabricante, que concordou em permitir que outros fundos do NHS acessem a tecnologia baseada em nuvem a preço de custo. Isso significa que o tratamento logo estará disponível no Reino Unido, a um custo menor que as opções atuais.