Um estudo do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) revelou que o Brasil registra um número de adolescentes com “Transtorno de Jogo pela Internet” (ou TJI) que supera a média global. A pesquisa foi divulgada primeiro pelo Jornal da USP.
Chefiado pela doutora em psicologia clínica Luiza Brandão, o levantamento utilizou dados do programa “#Tamojunto 2.0”, que tem como objetivo prevenir o uso de drogas por adolescentes.
De acordo com o estudo, 85% dos adolescentes jogam algum tipo de videogame, enquanto 28,17%, atendem aos requisitos para serem enquadrados no Transtorno de Jogo pela Internet.
Outro dado trazido na pesquisa é que 57% dos adolescentes utilizam os videogames para escapar da realidade.
O TJI está registrado no “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais”, usado por profissionais e pesquisadores do campo da saúde mental de todo o planeta. Ele caracteriza pessoas que abusam de games online de tal forma que o excesso de tempo frente às telas passa a impactar negativamente outras áreas da vida, como nas relações pessoais e estudos, por exemplo.
O estudo também traçou a o perfil médio da pessoa com TJI. Ele é do sexo masculino, usa tabaco e álcool, pratica ou sofre bullying, tem “níveis clínicos de sintomas de hiperatividade, problemas de conduta e de relacionamento entre pares”, segundo o estudo.
Para prevenir o Transtorno de Jogo pela Internet, a pesquisadora recomenda que os pais se interessem e joguem videogame com os filhos e ajudem na reflexão crítica dos conteúdos presentes nos jogos. É importante também que os responsáveis incentivem a realização de outras atividades que mantenham os jovens longe das telas.
Para a Luiza Brandão, uma das razões que podem ajudar a explicar o alto índice, é a dificuldade dos brasileiros em acessar espaços de lazer e prática esportiva, além de que regiões com altos indicadores de violência dificultam o encontro presencial de jovens.