Seus presentes de Natal rodaram o mundo e formaram nuvens que podem ser vistas do espaço
O final do ano é uma boa época para refletir sobre como imensas quantidades de coisas são levadas de um lado para outro no planeta. iPhones da China, roupas de Bangladesh, chocolates da Suíça – todas essas coisas fazem viagens transcontinentais em contêineres organizados como Lego em navios de carga. E esses navios criam suas próprias nuvens ao traçar suas rotas pelos oceanos.
A NASA, que fotografou várias das rotas dos navios via satélite, explica como esses rastros se formam e por que eles são mais brilhantes que as nuvens naturais. Embora pareçam bonitas e delicadas, as nuvens formadas pelos navios são, na verdade, poluição:
As gotículas das nuvens se formam como minúsculas esferas de água em torno de partículas em suspensão, ou aerossóis. As partículas podem ser naturais – como poeira do deserto ou sal marinho -, ou artificiais – como as partículas que saem dos navios. Comparadas aos aerossóis naturais, as partículas que vêm dos navios são menores e mais concentradas numa determinada área e geram gotículas de nuvens menores, mas mais numerosas. Todas as esferas de água das nuvens refletem a luz solar, mas algumas fazem essa reflexão melhor do que outras. Comparada com uma esfera grande, a esfera pequena tem uma superfície que funciona melhor como refletor. Assim, as gotículas de água das nuvens geradas pelos navios refletem mais luz que as gotículas geradas por partículas naturais.
Rastros de navios vindos da França e da Espanha. Imagem: NASA.
Os rastros dos navios só se formam quando há condições perfeitas para o aparecimento das nuvens: o tempo precisa estar úmido e sem vento. Quando as condições climáticas mudam, os rastros dos navios ficam com a forma de redemoinhos por conta do vento.
Rastros de navios no Pacífico Norte. Imagem: NASA.
Rastros de navios na América do Norte. Imagem: Observatório Terrestre da NASA.
Os rastros dos navios são a evidência visível de uma indústria que toca quase tudo o que nós comemos, bebemos e usamos, mas que ainda é invisível para a maior parte das pessoas. Rose George, em seu livro Ninety Percent of Everything (Noventa por cento de tudo), narra a escala notável da indústria naval. “O transporte é tão barato que faz mais sentido financeiro enviar o bacalhau escocês para a China para ser fatiado e, em seguida, enviá-lo de volta para as lojas e restaurantes escoceses, do que pagar fatiadores escoceses,” escreve ela.
Mas o que faz sentido financeiro pode não fazer sentido como um todo. Como esses rastros de poluição podem sugerir, o transporte naval causa males ambientais. Em 2009, os 15 maiores navios do mundo emitiram tanta poluição quanto 760 milhões de carros juntos. Imaginem todas essas nuvens no céu.
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