O lado tecnológico de Txai Suruí, a indígena que virou a “Greta brasileira” na COP26
Com a ausência do presidente Jair Bolsonaro, que trocou a participação na COP26, na Escócia, por um passeio na Itália, o Brasil foi representado pela jovem indígena Txai Suruí, de 24 anos, que fez um discurso incisivo sobre a urgência de medidas eficientes para frear as mudanças climáticas, além de ressaltar a importância dos povos indígenas na proteção da Amazônia.
Txai Suruí fez essas cobranças todas dividindo a plenária com líderes globais como o presidente americano Joe Biden, o primeiro ministro britânico Boris Johnson e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Sua participação rendeu uma comparação com a ativista ambiental sueca Greta Thunberg, de 18 anos, que também está na COP26 e ficou celebrizada pelo discurso na Cúpula das Nações Unidas sobre Ação Climática de 2019 com a frase “how dare you?” (“como você se atreve?”).
Txai e o povo suruí trazem a tecnologia para seu lado
Walelasoetxeige Suruí, também conhecida como Txai Suruí, mora em Rondônia, pertence ao povo Paiter-Suruí e é fundadora do Movimento da Juventude Indígena no estado.
Uma de suas maiores características é o engajamento tecnológico. Txai é super ativa nas redes sociais, produz stories com regularidade, tem milhares de seguidores e usa seus perfis para dar voz ao seu povo e discutir causas importantes.
Ela é estudante de Direito e trabalha no departamento jurídico da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, entidade que é referência em assuntos da causa indígena.
Inspirada pelos pais, o cacique Almir Suruí , chefe do povo Paiter-Suruí, e a indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo, a “Neidinha Suruí”, Txai começou cedo no ativismo indígena. Também foi a primeira reitora indígena do Centro Acadêmico de Direito da Universidade Federal de Rondônia.
Além de referência na luta pela sustentabilidade, Almir Suruí também é conhecido por juntar tecnologia à vida na floresta. Não à toa, o líder indígena conseguiu uma parceria com o Google há alguns anos e com esse feito, a aldeia foi capacitada pelo Google para documentação digital e mapeamento das terras por satélite.
O povo suruí também é pioneiro na venda de créditos de carbono pelo mecanismo REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação). Suruí é a primeira comunidade indígena do mundo a receber uma certificação de carbono, prova de que estão contribuindo para preservação da floresta.
O discurso que arrasou na COP26
Em sua fala em Glasgow, Txai foi incisiva na necessidade de mudanças nas políticas em torno do meio ambiente e acusou os líderes políticos “fecharem os olhos para a realidade”, além de lembrar um ensinamento de Almir Suruí.
“Meu pai, o grande cacique Almir Suruí, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo”, disse em parte do discurso.
Apesar das inúmeras promessas feitas pelo grandes líderes participaram do encontro, Suruí não se intimidou e defendeu que as mudanças não podem ser daqui a alguns anos.
“Precisamos de um diferente caminho, com mudanças globais. Não é em 2030 ou 2050, é agora. Enquanto vocês fecham os olhos para a realidade, os defensores da terra foram assassinados por proteger a terra. Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, e nós precisamos estar no centro das decisões sendo tomadas aqui”, afirmou.
Para seguir a Txai Suruí nas redes: https://www.instagram.com/walela e https://twitter.com/walela15