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O novo projeto do Pentágono: congelar pessoas e órgãos

O cientista responsável por alguns dos projetos de pesquisa mais chocantes do Pentágono criou métodos que um dia poderão salvar vítimas de traumatismos e até aumentar o tempo de vida de órgãos para transplante. Passo um: sufocar a pessoa ferida. Passo dois: mergulhá-la no gelo.

O cientista responsável por alguns dos projetos de pesquisa mais chocantes do Pentágono criou métodos que um dia poderão salvar vítimas de traumatismos e até aumentar o tempo de vida de órgãos para transplante. Passo um: sufocar a pessoa ferida. Passo dois: mergulhá-la no gelo.

Mark Roth, um bioquímico do Fred Hutchinson Cancer Center, vem trabalhando há anos com o processo de animação suspensa – a redução dos processos vitais sem causar morte – inspirado pelos processos de hibernação animal. Em 2005, com financiamento da Darpa, braço de pesquisa não-convencional do Pentágono, Roth conseguiu reanimar ratos que sofriam de forte sangramento, usando sulfeto de hidrogênio para deixá-los inconscientes e limitar seu consumo de oxigênio.

Desde então, Roth vem alcançando progressos significativos. Seu procedimento com sulfeto de hidrogênio completou a fase 1 dos três testes clínicos necessários antes da aprovação pela FDA. E ele agora tem um novo método parecido, que poderia aumentar a taxa de sobrevivência de pacientes com traumatismo de forma ainda mais eficiente.

"Muitos animais hibernam durante o inverno, e eles compartilham duas características-chave: eles esfriam muito, e usam pouquíssimo oxigênio", diz Roth. "Então nós queríamos saber: qual a relação entre essas duas características?"

Ao estudar levedura de cerveja e embriões de vermes nematoides, Roth e sua equipe determinaram que "uma coordenação de processos do organismo vivo" reagiam em sincronia – e mantinham o organismo vivo – mesmo depois que o oxigênio havia se reduzido e suas temeraturas caíam. Em seus testes, 66% da levedura e 97% dos nematoides sobreviveram à exposição ao frio – e estavam novos em folha, depois de reaquecidos e expostos ao oxigênio.

Apesar de o mecanismo específico pelo qual o processo funciona não ter sido localizado com precisão, a equipe observou que "certos processos subcelulares continuam acontecendo, mas na verdade não deveriam", diz Roth.

A pesquisa de Roth, financiada pela Darpa, pode ser útil à medida que ele resolve os problemas em seu novo procedimento. Como o sulfeto de hidrogênio reduz o consumo de oxigênio de um organismo, ele poderia ser o composto químico a ser usado antes de colocar as pessoas, ou orgãos, em congelamento.

Uma vez dominado, este método poderia dar mais tempo de vida a pacientes com traumatismo, ou até mesmo vítimas de ataque cardíaco e pessoas com sangramento grave. Claro, é aí que entra o interesse do Pentágono: manter soldados feridos vivos até que eles possam receber atendimento médico.

Isto também poderia ajudar os médicos a tirarem o máximo da hipotermia terapêutica, o processo de resfriar pacientes com a intenção de melhorar suas chances de sobrevivência e prevenir danos ao cérebro e órgãos. Roth imagina um remédio que combina a sequência correta de privação de oxigênio e hipotermia, sem efeitos colaterais perigosos que possam surgir no procedimento.

Não só a pesquisa de Roth poderia salvar vidas e revolucionar as cirurgias de transplante de órgãos, como ela reduz a sobrevivência a seu menor nível possível. "A relação básica entre viver e morrer", diz Roth, "na verdade tem a ver com esta ordem correta de relacionamentos celulares".

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