Passada a parte mais complicada do desastre nuclear de Fukushima, o Japão agora enfrenta outro dilema: onde armazenar as milhares de toneladas de solo radioativo que foram retiradas da região? Nesta semana, autoridades locais anunciaram um plano de US$ 970 milhões para construir um armazém gigante para colocar essas coisas.
O plano foi recomendado por uma comissão governamental, que sugeriu construir os armazéns em uma das três cidades próximas – Futaba, Okuma ou Naraha – a um custo de quase um bilhão de dólares. A área de 15km² receberia diversas instalações, cada uma delas com solo com diferentes níveis de contaminação.
O reator 3 danificado em Fukushima. Imagem: Tokyo Electric Co.
Mas há outro motivo para a construção do armazém. Muitos proprietários de imóveis de Fukushima ainda estão em lares temporários hoje, porque eles não podem nem comprar novas casas sem vender a propriedade antiga que está em uma área contaminada. Essas instalações de armazenamento permitiriam ao governo japonês comprar de volta aqueles terrenos – permitindo assim que essas pessoas seguissem com a vida.
Ao mesmo tempo, muita gente que voltou para casa está lidando com solo radioativo no próprio quintal – literalmente. Um post em setembro feito em um blog de uma moradora de Fukushima chamada Akiko Fukami descreve o processo de ter trabalhadores cavando enormes buracos no quintal, onde eles enterram sacos de solo radioativo na tentativa de descontaminar a sua casa. “Eu quero que as pessoas de fora de Fukushima saibam que existem pessoas aqui fazendo o melhor para proteger a si e às suas famílias da radiação e para viver uma vida decente e normal”, ela escreveu.
A nova estrutura de proteção em Chernobyl, que recebeu recentemente visita de oficiais japoneses. Imagem: AP Photo/Efrem Lukatsky.
Como vimos em Chernobyl, onde um “sarcófago” de aço está sendo construído por cima do Reator 4, a responsabilidade de proteger a população do lixo nuclear vai ser transmitida, de geração para geração, ao longo das próximas décadas. A instalação em Fukushima vai, em teoria, ser estável o bastante para manter o solo por cerca de 30 anos – depois disso, a próxima geração de cientistas vai precisar encontrar uma nova solução. [Japan Times; PhysOrg]
Imagem de topo: AP.