O plano que fará com que uma biblioteca evolua para além dos livros

Bibliotecas costumam ser lugares para leitura. Mas as coisas não são mais tão simples assim. Em Washington DC, capital dos Estados Unidos, foi anunciada uma proposta vencedora para a renovação da biblioteca central histórica. E trata-se de um plano ambicioso para transformar o edifício em um lugar onde ideias nascem – e as coisas são […]

Bibliotecas costumam ser lugares para leitura. Mas as coisas não são mais tão simples assim. Em Washington DC, capital dos Estados Unidos, foi anunciada uma proposta vencedora para a renovação da biblioteca central histórica. E trata-se de um plano ambicioso para transformar o edifício em um lugar onde ideias nascem – e as coisas são de fato feitas.

Em uma cidade cheia de monumentos e edifícios governamentais, a Biblioteca Memorial Martin Luther King Jr. é um raro exemplo de modernismo. Inaugurada em 1972, o prédio foi o último idealizado pelo famoso arquiteto Ludwig Mies van der Rohe – e é um excelente exemplo do estilo de Mies: uma estrutura primariamente horizontal e classicamente proporcional.

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Mesmo antes dos projetos de restauração, a biblioteca começou a se preparar para o futuro. No ano passado, ela substituiu parte dos livros por uma área chamada “Digital Commons”, com 60 PCs, 16 iMacs, uma máquina de livros expressa, uma impressora 3D, e, o mais importante de tudo, espaço para 140 pessoas se sentarem e ligarem os próprios computadores.

Foi o primeiro passo para institucionalmente reconhecer o que bibliotecários e observadores casuais sabem há muito tempo: que a biblioteca não é mais um lugar onde pessoas vão para buscar livros. Na verdade, não é um lugar onde pessoas vão para fazer uma única coisa. É um lugar onde pessoas vão para fazer várias coisas, seja para usar computadores públicos em busca de emprego, ou estudantes e profissionais que querem um espaço silencioso para fazer algum trabalho.

Em resumo, o design de 40 anos de idade da biblioteca pode ser um marco histórico, mas ela precisa de uma reformulação geral, com serviços e áreas para servir um papel comunitário muito mais amplo do que o inicial. Em outras palavras, ela precisa ser totalmente refeita, e apenas uma parte ou outra será salva.

A proposta vencedora para renovar a biblioteca, uma ação conjunta da Mecanoo Architecten, da Holanda, e da Martinez+Johnson Architecture, de Washington DC, definiu o seguinte: a biblioteca precisa de uma reformulação de algo com uma função para algo multifuncional, um lugar que pode abrigar tudo desde espaços educacionais a salas de reuniões e, é claro, também precisa de espaço para livros.

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Por dentro do prédio de Mies, os arquitetos propuseram que cada andar deve ter seu propósito próprio. O subsolo vai ser lar do impressionante “Centro de inovação e prototipagem”, um espaço flexível com pisos de concreto industrial, paredes móveis e espaço para workshops e aulas. No térreo, o “Mercado da cidade” terá apresentações, uma área de atuação, um café e uma livraria – é o tipo de espaço no qual as pessoas se movem casualmente como parte da vida na cidade.

O segundo andar é dedicado a um centro educacional, onde ficarão os livros da biblioteca. Acima dele, os arquitetos propuseram um espaço para leitura, seguido de um andar de história com coleções especiais e um espaço para exibições. Por fim, no topo, um novo deck e espaço com jardim.

Estruturalmente, o edifício será adaptado e todas as paredes não-estruturais serão trocadas por vidro ou eliminadas totalmente. Assim, o edifício terá mais iluminação natural.

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Um dos aspectos mais controversos do plano, no entanto, é o fato de que ele transformará o edifício em um espaço misto público-privado, e grupos protestam contra qualquer envolvimento privado nele, mesmo que uma ou outra parceria privada possa ser, de alguma forma, benéfica. Como o WAMU lembra, os administradores há muito reclamam que o enorme edifício é caro e complicado para se manter. Uma das porções opcionais da proposta, um espaço privado, provavelmente para residencias, seria construído acima da estrutura de Mies.

Mas essa controvérsia em relação a público e privado deve ser encerrada com a necessidade de financiamento. Até agora, o prefeito de Washington DC, Vincent Gray, só destinou US$ 103 milhões de dinheiro público para o projeto, o que é muito abaixo do que os US$ 250 milhões estimados para a execução completa.

Também é importante ressaltar que a proposta vencedora não é nada além de um conceito neste momento. As empresas vencedoras foram escolhidas devido ao conceito apresentado, e acredita-se que é o mais adequado às necessidades da comunidade e da biblioteca, mas os detalhes ainda precisam ser negociados e certamente serão modificados. Vamos torcer para que este projeto ambicioso seja feito. [Scribd and DC Public Library via WAMU and DCist]

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