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O que as mudanças da política de privacidade do Google significam?

O Google anunciou ontem que decidiu modificar toda sua política de privacidade. A primeira vista, a mudança é bem simples: todos os serviços do Grande G terão a mesma política de privacidade. Mas isso significa que todos os dados serão unificados. E que as informações usadas em qualquer serviço do Google poderão ser usadas todos […]

O Google anunciou ontem que decidiu modificar toda sua política de privacidade. A primeira vista, a mudança é bem simples: todos os serviços do Grande G terão a mesma política de privacidade. Mas isso significa que todos os dados serão unificados. E que as informações usadas em qualquer serviço do Google poderão ser usadas todos os outros. Há escapatória?

Segundo o Google, a mudança aconteceu por dois motivos: primeiro, o site contava com mais de 70 políticas de privacidade, e era difícil revisar todas com as agências reguladoras. Agora, com uma só política, alguns entraves legais devem ser eliminados. E, em segundo lugar, o Google diz que isso irá melhorar a vida do usuário. Como?

[youtube KGghlPmebCY]

Agora, todos os seus dados serão armazenados e coletados de uma só forma. Isso significa que se você estiver no Gmail, por exemplo, e escrever sobre alpinismo, sua próxima visita ao YouTube poderá ter uma sugestão de vídeo sobre o assunto. Há, no entanto, combinações mais perigosas: usuários do Google Latitude, por exemplo, terão seus dados de localização colhidos e utilizados em outros serviços — o mesmo para americanos que usarem o Google Wallet como carteira virtual. O mesmo acontece com o Google+, que cada vez ganha mais espaço em outros serviços da empresa: eles já aparecerem no topo das buscas com sugestões de amigos e páginas.

E qual o problema em toda a história? A famigerada frase “don’t be evil”. Foi com esse mantra que o Google se tornou o que é hoje, e compilar dados de usuários para facilitar o bombardeio de publicidade mais do que direcionada não parece seguir a filosofia da empresa. Segundo os princípios de privacidade da empresa:

Pessoas têm preocupações e necessidades diferentes sobre privacidade. Para servir melhor todos os nossos usuários, o Google esforça-se para oferecê-los opções úteis e fáceis sobre como lidar com suas informações pessoais. Nós acreditamos que informações pessoais não devem ser usadas como reféns e temos o compromisso de criar produtos que permitam que os usuários exportem suas informações pessoais para outros serviços. Nós não vendemos as informações pessoais dos usuários.

Pois bem, caso você não aceite a nova política de unificação de dados do Google, sabe qual é sua opção? Não usar os serviços. Tais mudanças podem facilmente ultrapassar a linha de privacidade proposta pela empresa. E elas também indicam que as recentes mudanças — como a adição da “busca social” com o Google+ — mostram um caminho bem diferente daquele Google que pregou a ideia de “lucrar sem ser demoníaco”. E bem parecido com aquilo que Larry Page criticou em uma entrevista à revista Playboy em 2004:

PLAYBOY: Os portais tentam criar o que eles chamam de conteúdo pegajoso, para manter o usuário pelo maior tempo possível neles.

PAGE: Esse é o problema. A maioria dos portais mostra seu próprio conteúdo acima de outros conteúdos da internet. Nós acreditamos que isso é um conflito de interesse, algo análogo a ganhar dinheiro com resultados de busca. A ferramenta de busca deles não necessariamente oferece os melhores resultados; ele oferece os melhores resultados do portal. O Google tenta, de forma consciente, ficar longe disso. Nós queremos que você saia do Google e chegue ao lugar certo o mais rápido possível. É um modelo bem diferente.

Agora, você tem até o dia primeiro de março para rever toda a sua vida online e pensar no que você quer compartilhar em cada serviço do Google. E fique de olhos bem abertos quando aquela publicidade extremamente direcionada atingir sua tela. [Google Blog e Gizmodo US]

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