Obra em canal da Nova Zelândia revela fósseis de 266 espécies

Fósseis pertencem a animais que viveram entre 3 e 3,7 milhões de anos atrás. São ao menos 10 espécies inéditas
Obra em canal da Nova Zelândia revela fósseis de 266 espécies
Imagem: Bruce Hayward, Thomas Stolberger, Nathan Collins, Alan Beu, Wilma Blom/ New Zealand Journal of Geology and Geophysics/ Reprodução

Era 2020. A empresa Watercare, de Auckland (Nova Zelândia), estava escavando dois grandes poços verticais durante as obras de um importante duto que transporta esgoto do centro da cidade para tratamento. Sem querer, se depararam com um material diferente: em meio à areia encontrada, havia diversas conchas. Eram, na verdade, fósseis.

Para paleontólogos da região, como Bruce Hayward, isso foi como encontrar um tesouro. Ele e mais quatro pesquisadores da área se juntaram e passaram a analisar o material. Então, durante meses, eles encontraram e examinaram detalhadamente mais de 300 mil fósseis.

Por fim, os resultados dessa empreitada compõem o artigo publicado recentemente na revista New Zealand Journal of Geology and Geophysics. Nele, Hayward e seus companheiros de pesquisa descrevem 266 espécies fósseis que viveram entre 3 e 3,7 milhões de anos atrás. 

O que havia por lá

“As descobertas mais raras incluíram vértebras isoladas de uma baleia com barbatanas, um dente quebrado de baleia cachalote, a espinha de um peixe-serra já extinto, as placas dentárias de raias-águia e vários dentes de tubarão-branco”, disse Hayward em comunicado.

É um grupo de animais bastante diverso. De acordo com os pesquisadores, os fósseis foram depositados em um canal submerso, que fazia parte de uma versão inicial do Porto de Manukau, aberto ao mar da Tasmânia.

No entanto, naquela época o nível do mar estava mais alto que hoje. “O que é surpreendente é que a fauna contém fósseis que viveram em muitos ambientes diferentes que foram trazidos para o antigo canal marinho por ação das ondas e fortes correntes de maré”, explicou Hayward.

A maioria dos fósseis encontrados vivia no fundo do mar, mas havia espécies que costumavam viver presas a costas rochosas. Ainda havia alguns fósseis que viviam em estuários, que são lugares onde a água doce encontra a água salgada.

Este é um dos grupos de fósseis mais ricos e diversos já encontrados na Nova Zelândia. Pelo menos dez espécies novas — ou seja, anteriormente desconhecidas — foram identificadas. Elas serão descritas e nomeadas em pesquisas futuras.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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