Trabalhadores da concessionária Acciona, responsável por obras da Linha 6-Laranja, em São Paulo (SP), encontraram um sítio arqueológico no que seria a antiga sede da escola de samba Vai-Vai. O grupo estava trabalhando na construção da futura estação 14 Bis, que deve ser finalizada até 2025.
Os artefatos, identificados em abril deste ano, parecem ter sido deixados por quilombolas –descendentes de escravos– durante o século 19. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que fez um projeto de salvamento e resgate dos registros, considerou que o local possui valor histórico de alta relevância.
As peças estão localizadas a três metros de profundidade e devem ser retiradas após a execução de paredes de contenção, importantes para garantir a segurança. Por outro lado, o resgate não deve interferir nas obras. Arqueólogos estão acompanhando a construção para garantir que nada seja danificado durante o processo.
A região que compreende o bairro do Bixiga foi amplamente ocupada por africanos durante o século 19. Em entrevista ao Guia Negro, Alessandro Luís Lopes de Lima, mestre e especialista em arqueologia, falou sobre a importância de desenvolver um projeto de pesquisa em parceria com a comunidade envolvida, levando seus interesses e preocupações em consideração.
“Gostaríamos de pensar na construção de um memorial, tal como na Capela dos Aflitos, na Liberdade ou do Cais do Valongo, no Rio. Será possível deixar esse sítio arqueológico à vista, protegidos por acrílico transparente e servindo como atração turística?”, questiona o pesquisador.
Outra proposta é mudar o nome da estação 14 Bis para Saracura, fazendo referência a um dos maiores quilombos urbanos da São Paulo colonial e imperial no território do Bixiga. Para ter uma ideia, o local chegou a ser conhecido como “Pequena África”, sendo ainda um dos berços paulistanos do samba de bumbo e do batuque.