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Cientistas encontraram coisas bem estranhas nas areias de Marte

O que são essas pequenas ondulações nas areias de Marte? Cientistas acham que isso pode ajudar a explicar a atmosfera do planeta vermelho.

Não, não são alienígenas escrevendo mensagens na areia. Mas tem alguma coisa estranha acontecendo na superfície de Marte – algo que nunca foi visto em nenhuma outra parte do universo.

Pesquisadores que observavam imagens das sondas Mars Reconnaissance Orbiter e Curiosity detectaram uma combinação estranha de ondulações sendo formadas nas areias de Marte. Com o passar do tempo, essas formações frequentemente se solidificaram como rochas, resultando nessas fotos estranhas da paisagem do planeta:

Ondulações na formação das dunas em Marte. Crédito: NASA/JPL-Caltech via Mathieu Lapotre

A pesquisa sobre as características únicas de Marte foi liderada por Mathieu Lapôtre, do Caltech, e detalhada na Science. Os pesquisadores dizem que as ondulações são formadas pelo vento, e elas devem sua aparência única a algumas peculiaridades da atmosfera de Marte.

Dunas de areia são formadas pelo vento aqui na Terra, é verdade. Mas as formações marcianas são completamente diferentes. Estes pequenos picos não são tão grandes quanto as dunas formadas por aqui, e ainda assim são muito maiores e mais resistentes do que ondulações que uma brisa causa na areia. Na verdade, as formações, que os pesquisadores chamam de “ondulações arrastadas pelo vento”, parecem com algo na Terra – mas não o que vemos em Terra. Elas lembram bastante as correntes submarinas.

Imagem: NASA/JPL via Mathieu Lapôtre

O motivo da semelhança, diz Lapôtre ao Gizmodo, é atmosfera fina de Marte.

“É a baixa desnidade da atmosfera marciana que aumenta a viscosidade do ar em Marte,” ele disse, “e assim promove a formação das grandes ondulações marcianas arrastadas pelo vento.”

Apesar da característica só ter sido detectada em Marte até agora, Lapôtre acredita ser possível encontrarmos coisas parecidas em outros lugares – só não chegamos perto demais para ver.

“O cometa 67P/Churyumov Gerasimenko e Plutão me vêm à cabeça”, disse. “Por mais que características parecidas com ondulações já tenham sido observadas no cometa durante a missão Rosetta, a resolução espacial das belas imagens capturadas pela espaçonave New Horizons são provavelmente muito grosseiras para mostrar possíveis ondulações em Plutão.”

Imagem: NASA/JPL via Mathieu Lapôtre

As formações não só parecem interessantes como também podem revelar como a atmosfera de Marte, que já foi mais parecida com a da Terra, ficou do jeito que está hoje.

“Como o espaçamento e tamanho das ondulações variam com a densidade do ambiente sob o qual elas se formam, agora podemos olhar para ‘fósseis’ preservados dessas ondulações em arenitos antigos em Marte, e limitar as condições atmosféricas do passado,” disse Lapôtre.

Ele já usou a técnica nas Formações Burns de 3,7 bilhões de anos na cratera Victoria, que foi visitada pela sonda Opportunity em 2007. Apesar da formação ser incrivelmente antiga, as ondulações ainda estão presentes. Isso significa que Marte provavelmente perdeu sua atmosfera espessa em algum momento antes da marca de 3,7 bilhões de anos.

Imagem de topo: NASA/JPL via Mathieu Lapôtre

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