Os animais abandonados de Fukushima

Após muitos estudos, o governo japonês finalmente criou uma zona de evacuação obrigatório ao redor da usina nuclear de Fukushima. Os humanos, pelo menos, devem ficar seguros agora. Mas não podemos dizer o mesmo dos milhares de animais que foram deixados para trás. No meio de um apressado plano de evacução, as criaturas — entre […]

Após muitos estudos, o governo japonês finalmente criou uma zona de evacuação obrigatório ao redor da usina nuclear de Fukushima. Os humanos, pelo menos, devem ficar seguros agora. Mas não podemos dizer o mesmo dos milhares de animais que foram deixados para trás.

No meio de um apressado plano de evacução, as criaturas — entre elas animais domésticos e bichos de fazendas — foram abandonadas. De acordo com o The Telegraph e a ABC News, centenas de milhares de animais estão agora por conta própria na zona morta — cerca de 3.400 vacas, 31.500 porcos e 630.000 galinhas. O professor D.L Brown, do Departamento de Ciência Animal da Universidade de Cornell, especula que todas as galinhas já devem estar mortas, e que os sobreviventes estão em péssimas condições. Seja lá quantos sobreviveram, eles não durarão muito — o governo está matando os animais por medida de precaução.

E há também os animais domésticos. Estima-se que quase 6 mil cachorros abandonados estejam vivendo na zona radioativa, mas não há números concretos de quantos ainda estão vivos. O governo japonês está fazendo o possível para salvar os animais, e com a ajuda de ONGs tentam cuidar deles até um novo dono surgir. Mas, muitas vezes, antigos moradores que visitam temporariamente suas casas com permissão do governo ficam completamente desanimados com o que encontram. Quando Hatsuo Sakamoto, de 63 anos, voltou rapidamente para sua casa em busca de seu gato desaparecido há meses, o animal simplesmente fugiu de seu dono. “O gato pode ter ficado assustado porque há dois meses não nos vemos — e também porque nós estamos vestidos como alienígenas”, lamentou sua esposa. Mas as buscas são uma prova de amor que essas pessoas têm por seus animais, correndo risco ao visitar uma área radioativa — muitas vezes, apenas para dizer adeus.

Foi o caso de Shoichi Akimoto, um dos moradores da área evacuada de Fukushima, que voltou para uma breve visita à sua antiga casa. Quando ele procurou por John, seu cachorro, encontrou o animal morto, ainda amarrado em sua coleira, após cavar um pequeno buraco no chão para descansar. Com apenas 15 minutos restantes na área, antes de serem obrigados a voltar, Akimoto e Nobuichi Kobayashi, um líder local, colocaram incensos ao redor do animal falecido, já que eles não poderiam levar o corpo embora. “Em minha próxima visita, eu irei enterrar seu corpo”, prometeu. Histórias como essa — comuns em toda a região de Fukushima — demonstram o grande sofrimento que um desastre desta magnitude traz, e também a garra das pessoas afetadas por ela.

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